Protagonizada por Samantha Schmütz, a série Aí eu vi vantagem, exibida no canal pago Multishow em 2015, é um spin off de Vai que cola (Multishow, 2013-presente). Na trama, roteirizada por Fil Braz, Jéssica (Samantha Schmütz) vai visitar a amiga Katarina (Luciana Paes) e sua familia, os Barroso de Barros, no centro do Rio de Janeiro. Lá a a promoter descobre que Barroso de Barros são donos de um cabaré, porém o lugar está quase falindo. Em busca do sucesso e de realizar seu sonho de ser famosa Jéssica (Samantha Schmütz) decide ajudar Katarina (Luciana Paes) com o cabaré e a cada semana propõe novas atrações e eventos para o lugar.
Por ser uma série episódica, as tramas são unitárias e de fácil compreensão. Nesse sentido, mesmo sendo protagonizado por uma personagem que integra o universo ficcional de Vai que cola o spin off apresenta várias setas chamativas que ajudam o telespectador no desdobramento dos arcos narrativos.
No Plano da Expressão iremos analisar os indicadores: ambientação, caracterização dos personagens, trilha sonora, fotografia e edição.
Apesar da ambientação de Aí eu vi vantagem ser fundamental para o desenvolvimento dos plots e sub plots, os elementos cênicos apresentam pouca verossimilhança com o contexto retratado. Isto é, na trama tanto a casa da família Barroso de Barros quanto o cabaré contribuem para as ações dos personagens, porém os cenários não se aproximam da realidade. Apesar de se tratar de uma série de comédia, que de certa forma permite que o cenário seja mais lúdico, os elementos (móveis, eletrodomésticos, papéis de parede, objetos de decoração, etc) não reproduzem, em nenhum momento, uma casa do centro do cidade, mas um cenário fictício de um programa televisivo.
O mesmo acontece no indicador caracterização dos personagens , os figurinos reforçam os arquétipos de cada personagem, facilitando o entendimento do telespectador, entretanto as roupas são caricatas. Como, por exemplo, o personagem Oswaldo (Stepan Nercessian), que é descrito na abertura da série como um botafoguense fanático e em todas as cenas dos episódios de Aí eu vi vantagem usa uma camisa do Botafogo. Nesse sentido, a identidade e o perfil dos personagens é constante reforçada pelo figurino, porém de uma maneira didática e de distante da realidade.
Os figurinos de Katarina (Luciana Paes), que é descrita como uma jovem tímida também refletem de modo caricato a sua personalidade. Um ponto que chama a atenção neste indicador é o sotaque dos personagens, apesar de se passar no centro do Rio de Janeiro e retratar uma família tradicional do lugar, somente Jéssica (Samantha Schmütz) adota a prosódia do estado. Os outros personagens têm sotaque paulista e mineiro, se distanciando do ‘s’ puxado dos fluminenses. Também não são adotadas, de modo geral, gírias e expressões mais usadas na região. O aspecto tira a verossimilhança de todo o universo ficcional, distanciando a trama da ambientação.
Apesar de ter um cabaré como ponto central dos acontecimentos narrativos, a trilha sonora de Aí eu vi vantagem é composta, em sua maioria, por músicas instrumentais. Os efeitos sonoros são usados para contextualizar as situações da história como, por exemplo, as brigas entre os personagens, os momentos de suspense, etc. Em alguns episódios, principalmente nas sequências do cabaré, são usadas músicas populares dos anos 1980 e 1990, mas nada que contribuía diretamente para o desdobramento da trama.
A fotografia da trama do canal pago Multishow é naturalista. Nesse sentido, a iluminação das sequências não apresenta nenhuma variação e/ou influencia no desenvolvimento dos arcos narrativos da atração.
Por se tramar de uma série episódica os acontecimentos narrativos de Aí eu vi vantagem seguem uma estrutura dividida em cinco atos: equilíbrio, interrupção, clímax, resolução de conflitos e retorno do equilíbrio. Desta forma, o programa apresenta uma edição linear, norteada por apenas uma temporalidade, seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos.
No Plano do Conteúdo iremos destacar os seguintes indicadores: intertextualidade, escassez de setas chamativas, efeitos especiais narrativos e recursos de storytelling.
No indicador da intertextualidade, é importante ressaltar as constantes referências a artistas e grupos musicais da cultura pop. Em várias sequências a personagem Jéssica (Samantha Schmütz) faz alusão a cantoras como Lady Gaga, Rihanna, etc.Nesse sentido, apesar de não ser fundamental para a compreensão da trama as referências aprofundam o universo ficcional, enriquecendo a contextualização do programa.
O indicador escassez de setas chamativas não foi observado em Aí eu vi vantagem. A trama do Multishow é norteada por cartazes narrativos dispostos convenientemente para ajudar o público a entender o que está acontecendo. O recurso está presente não só nas cenas e diálogos dos personagens, mas na abertura da atração. Além do nome dos personagens serem acompanhados de definições que resumem sua personalidade, a sequências de abertura é narrada pela voz em off de Jéssica (Samantha Schmütz). A protagonista explica, didaticamente ao telespectador, não só o perfil dos integrantes da família Barroso de Barros, mas contextualiza os arcos narrativos centrais da história.
Os indicadores efeitos especiais narrativos e recursos de storytelling também não foram observados na série episódica.Apesar de ter clímax e reviravoltas, em nenhum momento o telespectador é obrigado a reconsiderar tudo o que viu até então.
Por Daiana Sigiliano
* Todas as imagens da minissérie usadas nesta análise são capturas de tela.
Ficha Técnica:
- Direção: Pedro Antonio Paes
- Roteiro: Fil Braz
- Elenco: Samantha Schmütz, Luciana Paes, Oscar Filho, Stepan Nercessian, Edmilson Filho, Fafy Siqueira, Carmem Verônica e Sheila Friedhofer
- Período de exibição: 07/08/2015 – 11/09/2015
- Horário: 22:30h
- Nº de episódios: 16 episódios
Comentar