Por: Natália Correia, Eva Mendonça, Ana Rita Silva, Henriqueta Paulo Có
O ativismo, como o conhecemos, surgiu nos séc. XVIII e XIX. Este tem raízes no Iluminismo e nos movimentos revolucionários que promoveram ideias de liberdade, igualdade e direitos humanos. No final do séc. XIX e início do séc. XX, surgiram movimentos sociais que procuravam os direitos políticos para as mulheres. Na procura pelos direitos civis, surgiram outros movimentos significativos em várias partes do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a luta por direitos civis dos anos 1950 e 1960 combateu a segregação e promoveu a igualdade racial. Foi também nesta época que as comunidades indígenas começaram a organizar-se para proteger os seus direitos territoriais, preservar as suas culturas e resistir à exploração de recursos naturais nas suas terras – ressurgindo assim os movimentos indígenas, por todo o mundo.
A globalização, especialmente a partir de 1990, trouxe uma nova dinâmica ao ativismo. As comunicações globais facilitadas pela tecnologia permitiram que os ativistas se conectassem e coordenassem esforços numa escala nunca antes vista. Hoje, o ativismo continua a evoluir em resposta a desafios emergentes, como mudanças climáticas, desigualdades sociais, e questões de justiça e equidade.
Este trabalho apresenta uma análise semiótica dos perfis de Instagram de duas mulheres indígenas ativistas, tendo maior foco na forma como estas se expressam nesta rede social sobre temas atuais. Inicialmente, iremos explorar alguns conceitos a fim de entender melhor o que é e como se processa o ativismo cultural e social. Sendo nossa pergunta-chave a seguinte: “De que modo as mulheres indígenas constroem os seus discursos, no perfil do Instagram?”. Neste sentido, iremos dar foco a duas mulheres influentes nas redes sociais, analisando os seus perfis de Instagram – Célia Xakriabá e Sonia Guajajara – tentando entender de que forma estas mulheres conseguem exercer impacto através do seu discurso utilizado online.
História dos movimentos das mulheres indígenas
Apesar dos inúmeros desafios, as mulheres indígenas continuam a desempenhar papéis importantes na luta pelos direitos indígenas. Elas desempenham um papel crucial na preservação das línguas, práticas culturais e conhecimentos tradicionais. No séc. XX, começaram a organizar-se mais formalmente para combater a discriminação e promover a justiça social. Tais mulheres têm desempenhado papéis proeminentes em movimentos sociais, defendendo direitos territoriais, educação culturalmente sensível e o respeito pelos direitos humanos.
Entender a evolução histórica do ativismo é crucial para apreciar as estratégias, desafios e sucessos dos movimentos contemporâneos, incluindo o ativismo das mulheres indígenas. A prática está enraizada na resistência histórica das suas comunidades, embora tenha sido recentemente que este tenha ganhado um maior destaque. Estas mulheres têm desempenhado papéis essenciais na defesa dos seus direitos territoriais, na preservação das suas culturas e na luta contra a violência de género. Desde antes da chegada dos colonizadores europeus, desempenhavam papéis fundamentais nas suas comunidades. Muitas sociedades indígenas eram matrilineares, o que significa que a linhagem era traçada pela linha materna. As mulheres frequentemente eram responsáveis pela agricultura, tomada de decisões comunitárias e preservação das tradições culturais. Com a colonização, as mulheres indígenas enfrentaram discriminação, violência e apropriação cultural, vítimas de uma desestabilização das estruturas sociais existentes, que resultou em perda de terras, recursos e autonomia para as comunidades indígenas.
A cultura e simbologia indígena são extremamente ricas e diversificadas, sendo importante sublinhar que cada grupo possui as suas próprias tradições, línguas, crenças, práticas culturais e simbolismos distintos. Os povos indígenas têm uma conexão muito forte com a natureza, mantendo assim uma ligação de respeito e reciprocidade com todos os seres vivos e com o meio ambiente. A ligação entre as comunidades indígenas e a terra é central para a sua identidade, sendo que muitas delas veem na terra, não apenas um recurso, mas também, um elemento intrínseco à sua espiritualidade e modo de vida. As crenças e a espiritualidade destes povos são fundamentais para a vida e muitas comunidades têm crenças, onde tudo na natureza é considerado como tendo um espírito.
Compreender esta contextualização histórica e social é crucial para apreciar os desafios enfrentados pelas mulheres indígenas nas suas comunidades e os motivos por trás do seu ativismo persistente, na procura de justiça, igualdade e preservação das suas culturas. As mulheres indígenas têm desempenhado um papel crucial na preservação das tradições culturais, transmitindo conhecimentos ancestrais às gerações seguintes. É essencial reconhecer a diversidade das experiências destas mulheres e apreciar a sua resiliência diante dos desafios históricos e contemporâneos.
Sonia Guajajara e Célia Xakriabá: presença efetiva na política Brasileira
As comunidades indígenas no Brasil têm uma rica formação cultural e histórica que antecede à chegada dos povos europeus. No entanto, a colonização provocou perturbações significativas, incluindo a marginalização e os maus-tratos das populações indígenas. As mulheres indígenas brasileiras enfrentam um conjunto único de desafios, que decorrem durante os anos da colonização europeia, e têm uma longa história de resiliência, ativismo e luta pelos seus direitos. Estas mulheres enfrentam frequentemente discriminação em várias frentes, incluindo exploração econômica, trabalho forçado, violência baseada no gênero e racismo.
O acesso limitado à educação, aos cuidados de saúde e às oportunidades económicas contribui para a marginalização das mulheres indígenas ainda nos tempos de hoje. Os direitos à terra são uma questão central para as comunidades indígenas no Brasil, sendo que muitos dos conflitos surgiram da invasão de indústrias, como mineração, exploração madeireira e agricultura, em terras indígenas tradicionais. Atualmente, as mulheres indígenas encontram-se na vanguarda do ativismo ambiental, defendendo a preservação dos seus territórios e conscientizando as pessoas sobre a importância das práticas sustentáveis. Estas participam em fóruns nacionais e internacionais para chamar a atenção para estas lutas e exigir ações e usam a sua voz em prol de causas maiores.
Algumas ativistas indígenas de destaque no Brasil têm tido um impacto significativo na política do país, contribuindo para a mudança social e política de diversas maneiras. Suas pautas abordam uma série de questões, incluindo os direitos indígenas, a proteção ambiental, a igualdade de gênero e a justiça social. São ainda defendidos outros direitos que transcendem os da humanidade, como o direito à terra, à preservação cultural e à autodeterminação. Estas mulheres, estão frequentemente na vanguarda do ativismo ambiental, particularmente no contexto da proteção das suas terras tradicionais contra a desflorestação, a mineração e outras formas de exploração. A sua defesa contribui para discussões mais amplas sobre o desenvolvimento sustentável e a necessidade de priorizar a conservação ambiental em detrimento de atividades que prejudicam os territórios indígenas.
Sonia Bone de Sousa Silva Santos, conhecida como Sonia Guajajara, é do povo Guajajara/Tenetehara, que habita nas matas da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. É uma líder indígena brasileira. Esta mulher está politicamente filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). É formada em Letras e em Enfermagem, e especialista em Educação Especial pela Universidade Estadual do Maranhão. Recebeu em 2015 a Ordem do Mérito Cultural. Em 2022 foi considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Atualmente, é coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e integrante do Conselho da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais do Brasil, iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Em 2022, Sonia integrou a equipe de transição do terceiro governo Lula e foi anunciada como a primeira ministra dos Povos Indígenas. Em 2023, foi apontada uma das 100 mulheres mais inspiradoras do mundo pela BBC.
Célia Nunes Correa, também conhecida como Célia Xakriabá, nascida em Itacarambi a 10 de maio de 1989, é uma professora ativista indígena do povo Xakriabá em Minas Gerais no Brasil. Filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), a sua luta centra-se na reestruturação do sistema educacional, no apoio às mulheres e à juventude dentro dos Xakriabá, e na mudança das fronteiras geográficas para manter o seu território. Em 2022 tornou-se a primeira mulher indígena a ser eleita deputada federal por Minas Gerais.
A sua representação e a participação nos processos políticos, têm sido um esforço valorizado, envolvendo não só a defesa de políticas que beneficiem as comunidades indígenas, mas também a participação ativa nas instituições políticas e nos órgãos de tomada de decisão. Ao procurarem representação política, estas trabalham no sentido de influenciar sistemas que impactam diretamente as suas comunidades. A preservação cultural dessas mulheres inclui a revitalização da língua, a transmissão de conhecimentos tradicionais e a celebração de práticas culturais. Ao afirmarem o valor das culturas indígenas, desafiam a assimilação cultural e contribuem para uma identidade nacional mais diversificada. O empoderamento comunitário das mulheres ativistas indígenas brasileiras que trabalham frequentemente a este nível, capacitando indivíduos dentro das suas comunidades através da educação, tem sido base para iniciativas de saúde e projetos de desenvolvimento econômico. Estes esforços contribuem para o bem-estar geral das comunidades indígenas e fortalecem a sua capacidade de envolvimento com entidades externas, incluindo o governo.
Ao participarem em fóruns internacionais, amplificam as suas vozes e mobilizam apoio externo para as suas causas, colaboram com organizações e redes globais para chamar a atenção para os desafios que as comunidades indígenas no Brasil enfrentam. Embora as mulheres ativistas indígenas no Brasil ainda enfrentem muitos desafios, a sua resiliência e filosofia de vida levaram a várias mudanças positivas, a uma maior sensibilização e a um reconhecimento mais amplo da importância das perspectivas indígenas na formação do cenário político do país. No entanto, é essencial notar que o seu impacto faz parte de uma luta contínua e que muitos problemas persistem, exigindo esforços sustentados para mudanças significativas.
Análise semiótica dos perfis
Ao analisarmos o perfil do Instagram destas duas mulheres indígenas, relativamente à foto de perfil, é impossível não evidenciar o cocar, objeto que ambas utilizam, e que pode ser interpretado visualmente como uma coroa. Podemos dizer que o interpretante imediato do cocar, para quem não sabe ainda o que este é, pode ser o de uma coroa, uma vez que se encontra no topo da cabeça exatamente como uma. Para os povos indígenas o cocar é um dos principais adornos, e a pessoa que o recebe tem um dever acrescido, uma nova missão, a qual terá de cumprir e proteger.
Passando ao interpretante dinâmico do cocar, este será diferente para muita gente. Ao considerarmos a composição dos elementos visuais, como os materiais e as cores, estes podem gerar principalmente um interpretante dinâmico emocional. Conseguimos observar que são feitos de penas, o elemento mais importante do cocar, que podem representar força, poder e uma ligação à natureza. Além disso, o cocar contém outros elementos naturais colhidos na natureza, como sementes, missangas, fios e cordas, que são usados para unir as penas. A sua forma oval e a colocação no topo da cabeça, sugere que a pessoa que o usa é de elevado valor e importância. A cor branca do cocar de Guajajara pode transmitir um sentimento de paz e pureza, já a cor amarela do cocar de Xakriabá, pode passar sentimentos de otimismo e alegria.
No que diz respeito aos nomes de utilizador dos perfis de instagram, ambas optam por usar os seus nomes indígenas e ambas mencionam os cargos que representam. Na biografia, Guajajara coloca um email de contacto, e partilha conexões com o instagram do presidente do Brasil e do ministério dos povos indígenas, passando um sentido mais profissional, quase funcionando como um índice, com um interpretante dinâmico e energético, pois leva o seguidor a uma ação.
Já no caso da biografia de Xakriabá, esta menciona um site que encaminha os seguidores para a problemática do Marco Temporal, passando da mesma forma um interpretante dinâmico energético. Contudo, esta faz uso de emojis, o que transmite mais juventude, e tal pode ser usado com o intuito de alcançar seguidores mais jovens. Xakriabá também faz ainda destaque de conteúdos relativamente à sua presença em conferências importantes, discursos e campanhas políticas. As cores usadas nestes destaques são cores quentes e secas que nos remetem para as cores das florestas e da natureza. Mais uma vez, o uso destes destaques, que não se encontram presentes no perfil de Guajajara, podem indicar por parte de Xakriabá, a procura por incitar os seguidores mais jovens para as suas causas. Também podemos pensar que, no caso de Guajajara, esta não faz uso deste tipo de destaques, talvez devido ao seu cargo de ministra, pelo que a sua presença nas redes sociais deve ser mais profissional, sóbria e simples.
Ao visitarmos os perfis de instagram de ambas as mulheres indígenas, verificamos uma escolha de temas e conteúdos muito semelhantes, onde nos introduzem ao universo dos seus percursos. Assistimos a uma compilação de informação que, através de um discurso político nos remete para a luta, combate e visibilidade das questões das mulheres e do povo indígena.
Outro fator importante é o número de seguidores, verifica-se que Guajajara tem muito mais seguidores que Xakriabá, para além de que também tem muito mais publicações. Como principais temas nos posts temos a questão do Marco temporal, das Mudanças Climáticas e dos Crimes Ambientais. Além disso, a tomada de posse em cargos importantes e o reconhecimento das entidades com credibilidade e informações sobre as suas lutas ativistas também são temas muito frequentes nos seus posts.
Nas imagens em questão, relativamente ao golpe da oposição à derrubada do veto ao Marco Temporal pelo presidente Lula, observa-se que as duas mulheres indígenas fazem questão de mostrar que estão juntas nesta questão, deixando-se fotografar lado a lado mostrando uma posição de união. As cores usadas são vibrantes com o intuito de captar o olhar dos seguidores. O uso do roxo encontra-se muitas vezes ligado ao respeito, à dignidade e ao espiritual, e o vermelho à paixão, à luta e à força.
Outro aspecto importante de se referir é, mais uma vez, o uso do cocar, que funciona como índice do seu trabalho árduo nas suas missões e, também como símbolo das suas lutas ativistas em si. As pinturas faciais e as roupas que usam demonstram as suas culturas indígenas e os costumes. Nas legendas, enquanto que no caso de Guajajara, estas são mais descritivas e profissionais, bastante informativas; no caso de Xakriabá, estas são mais curtas e diretas, passando um interpretante dinâmico mais energético, através da conjugação dos verbos no imperativo e do uso dos pronomes na primeira pessoa do plural, esta tenta unir-se com os seguidores na luta.
Nas imagens em questão, relativamente ao golpe da oposição à derrubada do veto ao Marco Temporal pelo presidente Lula, observa-se que as duas mulheres indígenas fazem questão de mostrar que estão juntas nesta questão, deixando-se fotografar lado a lado mostrando uma posição de união. As cores usadas são vibrantes com o intuito de captar o olhar dos seguidores. O uso do roxo encontra-se muitas vezes ligado ao respeito, à dignidade e ao espiritual, e o vermelho à paixão, à luta e à força.
Outro aspecto importante de se referir é, mais uma vez, o uso do cocar, que funciona como índice do seu trabalho árduo nas suas missões e, também como símbolo das suas lutas ativistas em si. As pinturas faciais e as roupas que usam demonstram as suas culturas indígenas e os costumes. Nas legendas, enquanto que no caso de Guajajara, estas são mais descritivas e profissionais, bastante informativas; no caso de Xakriabá, estas são mais curtas e diretas, passando um interpretante dinâmico mais energético, através da conjugação dos verbos no imperativo e do uso dos pronomes na primeira pessoa do plural, esta tenta unir-se com os seguidores na luta.
Nestas imagens, percebe-se uma vez mais o seu posicionamento de união em questões importantes para as suas lutas, como pode ser observado, quando ambas fazem questão de mostrar a relação de proximidade com figuras importantes e decisivas para alcançar aquilo pelo qual lutam. Assim como o uso do cocar que faz alusão aos seus povos indígenas pelos quais lutam. No que diz respeito às legendas, ambas parabenizam o ministro em questão pelo cargo alcançado.
Nestes posts analisados sobre a COP 28, podemos ver que ambas preferiram realizar um vídeo, com a câmara centrada nelas, para de certa forma, mostrar que elas e o que elas dizem deve ser o foco de atenção no vídeo. Ambas se encontram em espaços públicos, o que pode ter como significado o facto de trabalharem e lutarem pelo povo e ao lado do povo. Mais uma vez, podemos também ver o uso do cocar e das vestes indígenas, como índice da luta pelos direitos do povo indígena.
Em relação às legendas dos posts, enquanto Guajajara apresenta um texto mais descritivo em relação ao tema do vídeo, Xakriabá opta por fazer um texto mais informativo e didático, provavelmente com o intuito de alcançar os seguidores mais jovens. Ambas fazem uso de hashtags, que são desta forma usados com índices, com interpretantes dinâmicos energéticos, uma vez que a ideia é levar os seguidores a carregar para descobrirem mais sobre o assunto. Outro aspecto importante a ser analisado é a periodicidade das publicações. Tanto Guajajara como Xakriabá fazem publicações diárias e mais do que uma vez por dia, sobre os vários acontecimentos importantes nos seus dias a trabalhar e a lutar pelas suas causas. Também em relação às stories, ambas publicam com muita frequência, apesar de Guajajara optar por manter as suas partilhas com um teor profissional e informativo, Xakriabá atualiza os seus stories constantemente, partilhando até mesmo assuntos do seu dia a dia, como o exercício físico e a alimentação.
Considerando a estética geral dos perfis do instagram destas duas mulheres indígenas, podemos ver que ambas fazem uso de elementos visuais vibrantes a nível de cores, com o intuito de captar a atenção quando surgem na tela de um ecrã. As imagens, fotografias e vídeos publicados dão destaque muitas das vezes, à pessoa do perfil, neste caso Guajajara e Xakriabá, que optam, na maioria das vezes, por usar o cocar, pinturas faciais, vestes e símbolos indígenas, que remetem para os temas de principal importância para estas mulheres, a luta pelos direitos dos povos indígenas. Através destes símbolos e cores, elas pretendem transmitir emoções fortes aos seguidores.
Ao publicarem imagens que refletem a grandiosidade das missões que carregam, é usada uma palete de cores consistentes e fortes. No feed de Guajajara a cor predominante é o azul e o branco, que transmitem tranquilidade, harmonia e confiança. Já no feed de Xakriabá predomina a cor amarela, que nos remete para uma sensação de sabedoria, alegria e otimismo. No que se refere às legendas, estas, consoante a importância, podem aparecer com letras maiúsculas, e bastante grandes, quase como forma de alerta ou de aviso. Além disso, a informação presente nas legendas utiliza uma linguagem informativa, direta, simples, e até, por vezes, pessoal e familiar, mais no caso do perfil de Xakriabá.
De que modo as mulheres indígenas constroem os seus discursos, no perfil do Instagram?
Guajajara e Xakriabá são duas mulheres indígenas brasileiras com uma presença muito forte na vida política do seu país e muito ativas no instagram. Ambas utilizam esta rede social com o objetivo de partilhar as pequenas vitórias e por vezes perdas, nas suas lutas ativistas pelos povos indígenas do Brasil. Com esta análise, é possível perceber uma série de aspectos: como estas duas mulheres indígenas se fazem notar na sociedade, a forma como se comunicam, a quebra de barreiras e, acima de tudo, como abordam assuntos tão importantes a partir das redes sociais, especificamente no instagram.
Duas mulheres de idades distintas, mas com lutas idênticas. Fazem muito o uso de índices nos seus perfis, com interpretantes dinâmicos energéticos principalmente, com o intuito de levar os seguidores a realizar uma ação, quer esta seja simplesmente ficar a saber mais acerca do assunto, ou por fim realmente juntarem-se à luta. Também conseguimos entender que o uso frequente do cocar e das vestes indígenas, por ambas as mulheres, funciona como um símbolo que representa as suas missões de luta pelos direitos dos povos indígenas. Para além disso, também podemos ver este recurso do cocar como um interpretante dinâmico emocional, pois este vai sempre despertar qualquer tipo de emoção nos seguidores, quer este seja positivo ou negativo.
No caso de Guajajara, talvez por esta ter um cargo importante como ministra, a sua presença no Instagram é sempre bastante profissional, direta, e séria, fazendo uso de uma linguagem mais sóbria e simples. No caso de Xakriabá, esta usa uma linguagem mais jovial e informal, talvez com o objetivo de conseguir alcançar os seguidores mais jovens, e também por esta ser mais jovem de idade. Concluímos que apesar de diferentes, Guajajara e Xakriabá têm muitas semelhanças na forma como constroem os seus discursos e as suas presenças no instagram. Fazem muito uso de imagens e vídeos, para conseguirem ter uma abordagem a assuntos pesados e de elevada importância, de uma forma mais dinâmica e didática, para além de chamativa através do uso das cores vivas presentes não só nos seus cocares e vestes, mas também nos posts que publicam.
Referências:
Amante, V. (2019, Junho 22). 43 Mulheres Indígenas do Brasil e da América Latina para se Inspirar. De Catarinas: https://catarinas.info/43-mulheres-indigenas-do-brasil-e-da-america-latina-para-se-inspirar/?__cf_chl_tk=HMvNeax4PP3zezJn1z7aEto1EmEa.Xbqdd3Lel5blp0-1698503965-0-gaNycGzNDlA
Cravalho, M. (2023, Fevereiro 7). Direitos Indígenas. De JOTA: https://www.jota.info/eleicoes/quem-e-sonia-guajajara-que-sera-ministra-dos-povos-originarios-do-governo-lula-07022023
Ferreira, G. C. (2015). Mulheres Indígenas nos Blogs: discursos e identidades. De https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2482/1/GL%C3%81UCIA%20CRISTINA%20FERREIRA.pdf
Sinkoc, G. A. (2021). Análise Semiótica de Perfis de Influenciadoras Digitais do Meio Fitness do Instagram Sob o Olhar da Nutrição. De TCC.pdf (ufsc.br)
Comentar