Título: Competência midiática: ativismo dos fãs de k-pop no Twitter
Autores: Hsu Ya Ya e Lucas Vieira
Resumo curto:
O trabalho tem como objetivo analisar as dimensões da competência midiática, propostas por Ferrés e Piscitelli (2015), que estão em operação nas ações realizada por fãs do k-pop, quando diversos fandoms se uniram de forma coletiva para adesão de causas sociopolíticas. Neste sentido, iremos refletir sobre o diálogo entre o ativismo de fãs e a competência midiática. A análise será pautada por duas mobilizações organizadas pelos fandoms a favor das manifestações #BlackLivesMatter, que surgiram após a morte por asfixia de George Floyd, vítima de um policial branco nos Estados Unidos. A primeira foi após a polícia de Dallas lançar um aplicativo que possibilitava a denúncia dos protestos contra a violência policial e em prol das vidas negras. Fãs de k-pop se uniram para derrubar o aplicativo através do envio de fancams (vídeos gravados e editados pelos fãs como uma forma de dar visibilidade ao seu artista), ocasionando na inviabilidade e queda da plataforma poucas horas depois do anúncio. Utilizando as fancams, os fãs também foram responsáveis por inundar o Twitter e o Instagram enfraquecendo as hashtags de propósitos supremacistas como #WhiteLivesMatter e #BlueLivesMatter. A segunda mobilização foi a doação de 1 milhão de dólares pelo grupo sul coreano BTS para a organização Black Lives Matter. Os próprios artistas e sua agência (Big Hit Entertainment) optaram pela discrição ao não lançar uma nota oficial sobre o feito, entretanto a revista americana Variety conseguiu a confirmação através da ONG. Ao tornar o fato público, o fandom do grupo levantou a #MatchAMillion que foi responsável por arrecadar o mesmo valor em 24 horas e doar para a mesma organização. Jenkins (2012) atribui as formas de consumo dos fãs às leituras criativas e críticas, responsáveis por uma série de escolhas e reflexões em seu papel narrativo e social. A popularização da internet no início da década de 1990 gerou mudanças nas apropriações feitas por fãs e a emergência do fandom como uma subcultura (JENKINS, 2015). Sendo assim, os fãs passaram a ter um papel evidente e complexo na cultura contemporânea potencializado pelo ambiente de convergência que possibilitou e ampliou uma série de ações e aproximação entre pessoas fisicamente distantes (JAMISON, 2017). Dentro do cenário k-pop, a compreensão crítica e a produção criativa se configura através do ativismo de fãs, ao adotarem ferramentas comunicacionais para transmitirem valores, os fãs se engajam em causas sociopolíticas, se comprometendo como cidadãos na contemporaneidade.
Disponível em: https://is.gd/C7y8lb
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