Observatório da Qualidade no Audiovisual

Da Mood

A série Da Mood, da RTP, é centrada na ideia das boys band dos anos de 1990, tendo sido gravada em Setúbal. Reunindo como realizador Sérgio Graciano e como argumentista Henrique Dias, foi produzida pela SPi. Conta com 8 episódios, e desejos de temporadas futuras por parte do realizador, que afirma estar confiante na possibilidade de até 3 temporadas, onde referiu que a “…ideia é fazer três temporadas. Uma é o nascer da banda, a segunda é a digressão e a terceira são as carreiras a solo, típicas das boy bands…”.  

Sendo capaz de ser avaliada como uma comédia dramática, a série tenta utilizar vários clichés associados a boys bands, nunca descorando de dar relevo e importância a temas tão pertinentes na sociedade atual, tais como depressão ou a ansiedade. 

Da Mood teve a sua estreia de exibição no dia 4 de junho de 2022, no canal de televisão RTP1 e na plataforma RTP Play. Toda a série, Da Mood, encontra-se disponível e gratuita na plataforma da RTP Play, e ainda que existam desejos para uma continuação, até então nada foi oficializado ou programado. Ainda assim, a série não teve alguns resultados esperados e ambicionados, tendo tido transferências de horário de exibição na sua estreia, ficando inclusive com o horário mais fraco da emissora, no horário da meia-noite. Nos últimos dois episódios estima-se uma média de 44,9 mil espectadores. 

A série tem como principal objetivo levar-nos pelo universo da música, mais concretamente ao de uma boys band, e dessa maneira focar-se também em temas tão delicados como depressão, ansiedade ou rejeição.  

Apresentamos a seguir a análise do episódio piloto pela perspectiva da criação audiovisual e das estratégias de transmidiação que geraram a circulação de conteúdos e comentários nas redes sociais digitais. 

Criação audiovisual 

O impulsionador da boys band, Rui (Miguel Raposo) é um professor de música que sofre de ansiedade e que experimenta a mesma rotina, bastante monótona de vida, sentindo-se irrealizado e insatisfeito depois de estudar música durante 5 anos. 

No primeiro episódio, depois sofrer um acidente de moto e de sair do hospital, Rui desabafa com o seu amigo de longa data, Mário (Rui Melo), questionando-se o que lhes aconteceu e como perderam o rumo e o sucesso desejados e imaginados no começo das suas juventudes. De seguida, logo após o fim da conversa, sente-se inspirado ao ver uma foto do grupo Backstreet Boys numa t-shirt, ficando convencido nesse momento de que a criação de uma boys band pelo próprio irá ser a solução de todos os seus problemas.  

De forma a colocar o seu plano em prática, Rui pede ao seu amigo Mário ajuda para o agenciar, que reprova prontamente a ideia. Além disso, demonstra ter ideias simplificadas acerca de o que é uma boys band, o que provoca bastante indecisão de Mário, que pergunta repetidamente se este fala com certeza, conhecendo também os problemas de ansiedade de Rui. Depois de bastante insistência da parte de Rui, o seu amigo não se recusa a ajudá-lo na formação de uma boys band, sendo inclusive uma parte ativa nas escolhas e decisões, tais como o nome ou composição do grupo.  

O primeiro passo que decidem tomar é fazer um casting, de forma a completar o resto do grupo da banda, que será composta por 5 membros. Todo o processo de divulgação passa pelos personagens principais, dando pistas de alguns dos futuros integrantes da boys band durante os minutos seguintes.  

Ana (Bárbara França) é então introduzida no episódio, enquanto conversa com Mário. Ambos parecem ser colegas de agenciamento. Os dois parecem estar a ter dificuldades com os seus clientes e Mário pergunta a Ana a sua opinião quanto à formação de uma Boys band, sendo que esta responde com ironia e destrata a pergunta.  

Durante o jantar entre Rui, a sua tia Carolina (Maria João Bastos) e Cláudio (Diogo Martins), seu namorado que é coreógrafo, e trabalha em uma escola de dança, é apresentada a Rui por Cláudio a letra de uma música que ele mesmo compôs, de modo a saber a opinião do convidado. Ainda que sofra com a desmoralização da sua mulher, Cláudio está convicto em receber uma opinião de alguém com mais conhecimento no mundo da música, como é Rui. Independentemente de Rui dizer não ser a pessoa ideal para o ajudar, por não estar “familiarizado” com esse tipo de “universo”, Cláudio solicita a Rui para que este o ajude com a música, propondo que ambos misturem os seus estilos diferentes e que Rui altere o que entender na versão lida durante o jantar. 

Antes do casting começar, onde Ana, Rui e Mário são os avaliadores, Rui partilha com Mário, num tom de gozo, a letra de Cláudio. Contudo, este não esperava receber uma resposta positiva e de agrado com a letra, por esta ter “cadência” e “ritmo”. Durante a sessão de casting aparecem muitos candidatos, sendo os que mais têm relevância e foco são os personagens principais, não havendo espaço a surpresas sobre quem serão os escolhidos.  

O primeiro é Rúben (Tiago Teotónio Pereira), que esteve envolvido na acidente de Rui no começo do episódio. Rúben trabalha numa oficina, demonstra ter bastante à vontade para falar e segundo Mário é “um gajo comestível”. Afirma ter disponibilidade total para participar.  

Gonçalo (José Mata), que tem o desejo de ser produtor musical, apresenta-se sem qualquer tipo de experiência em dança ou em cantar, mas revela desejo de fazer parte do grupo e conforme um papel subtil mostrado a Rui, Mário parece considerá-lo uma boa opção por ser “comestível”. Gonçalo revela ter de ser avisado com antecedência sobre atividades, pois, por vezes, precisa ir a tribunal, em trabalho, o que causa uma reação imediata em Rui que estaria pronto a negá-lo. Todavia, Mário questiona acerca de um futuro promissor qual a disponibilidade e este afirma “disponibilidade total”. 

Tiago (Leo Bahia), apresentado anteriormente como um empregado de um restaurante de hambúrgueres que serviu os protagonistas de forma lenta e mal, revela ter experiência a cantar numa banda de “casamentos, formatura, funeral”, mas Mário parece rapidamente inclinado a rejeitá-lo (talvez pela sua experiência passada no restaurante ou pelo facto de não ter uma aparência agradável). Tiago diz ter 100% de disponibilidade. Canta e surpreende pela sua voz, tendo encantado Rui, mas não convence Mário, que o despacha rapidamente enquanto este cantava.  

Claúdio também aparece no casting, referindo que a música sempre teve uma grande existência no seu dia a dia e fala na sua importância  no projeto. Fala que desenrasca no cantar e voluntaria-se para fazer as coreografias, pois é coreógrafo. Está completamente disponível.

Segundo Rui, o casting foi exatamente como se assiste na televisão, com vários participantes de vários clichés diferentes: os esforçados, os cómicos, os maus, os muito maus e as surpresas. 

No fim do casting, que durou cerca de 2 horas, existe um foco da câmara nos personagens que iriam ser aprovados. No fim, todos os participantes foram informados de que, em breve, iriam receber os resultados. Rui teve de convencer Mário de que Tiago iria fazer parte do grupo, tentando fazê-lo mudar de ideais com alguns dias para pensarem, Rui só concordou pois concorda com tudo.  

No fim do episódio, ao receberem a notícia de que foram aprovados, todos os elementos reagem euforicamente, sendo que Gonçalo é inclusive advertido pela sua namorada, Joana (Rita Tristão da Silva), que se revela contra este desejo do namorado em se juntar a uma boys band ou a ser produtor musical (DJ).  

Os membros aprovados são bastantes diversos entre si, sendo eles: 

Rui, o pensador inicial da ideia, que sofre de ansiedade e toma antidepressivos; 

Tiago, “um empregado de mesa” num restaurante; 

Rúben, “um mecânico playboy da margem sul”; 

Gonçalo, “um advogado com aspirações a produtor musical”; 

Cláudio, “um professor de dança” que poderia vir a ser tio de Rui.

Figura 1 – reações eufóricas de cada um dos personagens ao receber a mensagem de aprovação na boys band.

A ambientação de Da Mood é composta por locações internas (as casas onde Rui ensina música, restaurante, a escola de dança, a casa da tia de Rui, o edifício onde foi feito o casting, etc) e externas (ruas), mas tendo um maior destaque e diversidade de espaços nas internas. Não existem cenários recorrentes ou com grandes espaços de tempo neles focados, sendo uma das características do episódio a constante mudança de cenários onde as ações se desenrolam e desenvolvem. Porém, existem lugares que têm um maior significado no desenrolar da história, tal como a sala onde foi realizado o casting ou a escola de música, onde foi efetuada a divulgação e que deu a conhecer o evento de seleção a dois dos futuros membros integrantes.   

A delimitação dos espaços é importante para criar uma relação de conforto no espetador, que na sua maioria assiste a espaços pessoais (casas) e sente-se num espaço comum e acolhedor. Não obstante, a pouca presença em cada espaço cria um sentimento de singularidade, onde existe a perceção de que nunca se repete um cenário. Os poucos panoramas exteriores utilizados têm sempre a característica de serem ruas largas e compridas.  

Um dos aspetos centrais da série encaixa no facto de todos os protagonistas da boys band já terem tido algum tipo de interação/relação indireta com o impulsionador da ideia, Rui, sem nunca se terem dado conta disso. Todos estão na busca de algo envolvendo música ou de mudanças na vida, com exceção de Rúben, que tem um trabalho estável, sendo o único membro do grupo que não está, de forma evidente, relacionado a música ou desejos musicais.  

Durante o episódio é visível uma cadeia de situações em consonância umas com as outras que combina com a integração final do grupo escolhido. Rui, é um professor de música e dá aulas de teclado de piano a Joana, a namorada de Gonçalo. Após essa aula, Rui sofre um acidente de viação, ao ir contra o carro de Rúben e a sua namorada Tatiana (Carolina Carvalho), o que viria a ser um fator importante na decisão de Rui de formar uma boys band, pois foi devido a esse incidente que teve a oportunidade de, após sair do hospital, se inspirar ao ver uma camisola da Backstreet Boys. Mais tarde, enquanto se dirigem para um restaurante para comer, Rui comenta com o seu amigo Mário acerca da ideia de criar uma boys band e nesse mesmo restaurante viriam a encontrar-se com Tiago, a “surpresa” futura que faria parte do grupo de cantores. Apesar disso, não se safaram de ter uma péssima experiência com ele, ao serem atendidos de forma pouco organizada e confusa, o que deu assim uma ideia de alguém sem qualidades. A interação seguinte é, novamente, com Rúben, que acompanha e beija uma rapariga que não Tatiana, ao ser-lhe dado um panfleto. É percetível nesse momento que Rúben esconde pelo menos uma amante de Tatiana. Independentemente dessa situação, é importante ressaltar que o local onde estes amigos divulgam o seu casting é na escola de dança, onde Cláudio trabalha. Nessa mesma noite, Rui janta com sua tia e Cláudio, o namorado. Cláudio esta muito interessado em receber a opinião de Rui e em ter a sua ajuda para a composição de uma letra. Esse é o primeiro momento de interação no episodio entre os dois, sendo que Cláudio já queria ter abordado esse tema com Rui mais cedo, mas foi-lhe negado por Carolina. Desta forma, todos já se relacionaram de forma indireta, antes de se conhecerem diretamente no casting. Todas as ações do episódio parecem seguir uma ordem cronológica simples e de um dia de acontecimentos, antes do segundo dia, que seria o do casting e os seguintes de seleção.  

Na história, é possível ver a forma como a maioria dos integrantes estão desmoralizados na vida ou sofrem algum tipo de distúrbio na mesma. Rui sofre de ansiedade e medo de palco, Mário tem um número de clientes de agenciamento bastante fraco em qualidade e quantidade, Rúben tem casos amorosos com outras mulheres enquanto se relaciona com Tatiana, Tiago é alguém que trabalha num restaurante de hambúrgueres e tem dificuldades no mesmo. Gonçalo e Cláudio, por outro lado, sofrem ambos do mesmo problema de desmoralização e desvalorização por parte de suas namoradas, Joana e Carolina, que em ambos os casos reprovam a ideia de estes quererem seguir um rumo ligado à música. 

Destaca-se então um contraponto, que pode ser visto na suposta vida dupla de alguns personagens tais como Rui, Gonçalo ou Rúben, onde num primeiro momento parecem felizes e focados nas suas ambições musicais, mas que no consciente demonstram pavor do falhanço. Rui e a sua condição de ansiedade sempre presente que não o deixa desfrutar do momento presente e inicial de formação do grupo. Gonçalo, que quase suplica por uma oportunidade musical para mudar de vida, mesmo sendo um advogado de qualidade e elogiado por muitos no seu consórcio, indo repetidamente contra a vontade da sua namorada. E por fim Rúben, alguém que pode ser comparado com um mulherengo, tendo um caso amoroso escondido de Tatiana. Estes parecem ser os contrapontos principais que serão desenvolvimentos durante os episódios seguintes.   

Um ponto que já foi referido anteriormente e que parece ter relevância para a composição imagética deste episódio é a de espaços largos ou que sejam de alguma forma familiares e confortáveis, tais como espaços públicos ou pessoais. Por vezes, a distância e perceção de afastamento dos personagens é relativamente considerável em relação ao telespetador. Ainda que seja uma série relacionada com música, não existem praticamente elementos musicais ou instrumentos apresentados neste episódio. O mais recorrente que aparece é o piano, que aparece duas vezes, em conformidade com as aulas lecionadas por Rui aos seus alunos e que nos são apresentados. Um aspeto que pode ter relevância é o da exibição dos medicamentos de Rui, no começo do episódio, sendo uma das primeiras imagens que é exibida, ficando rapidamente percetível, no primeiro minuto, alguns problemas que Rui possa estar a sofrer.  

Figura 2 – comprimidos que Rui possui na sua casa de banho.

Os tons das filmagens são por norma bastante claros, com bastante luz, com exceção de Rui e Mário atravessando uma rua bastante escura, ou de Cláudio em casa. As gravações por vezes demonstram-se turbulentas e movimentadas, tal como na primeira discussão de Joana com Gonçalo acerca deste querer ser DJ, no jantar de Rui com a tia e Cláudio ou na apresentação de Cláudio no casting, não parecendo ser algo tão fluido ou natural, podendo-se considerar um erro de filmagem dos próprios autores.

Figura 3 – exemplos de momentos de escuridão nas imagens, onde não existe nenhum tipo de claridade e os personagens ficam completamente irreconhecíveis.

O contraste entre luz e sombra na sua grande parte é bem utilizado. Recorrentemente a cor mais usada nas paredes dos cenários interiores ou das casas e edifícios exteriores é branco (consórcio de advogados, casa da tia de Rui), variando também numa cor mais amarelada, num tom amadeirado quando o cenário interior é feito de madeira (restaurante, casa de Gonçalo). O cenário com cores mais relevantes é o do casting, com uma cor azul que transmite tranquilidade e serenidade e com umas riscas amarelas e laranjas, de forma a vitalizar os concorrentes, exercendo um papel na alegria, confiança e otimismo da maioria dos participantes. As cores conseguem assim acentuar a ideia principal de animação e tranquilidade em simultâneo, no casting, sendo o branco uma cor mais natural e neutra, usada em situações de diálogo e mais esquecíveis.

Figura 4 – distanciamento considerável dos personagens em relação ao ponto de vista do telespectador.

Os planos que tem um maior realçamento e distinção são durante discussões ou situações mais tensas no episódio, uma vez que é exercido um maior foco nas expressões faciais e corporais dos personagens, evidenciando os sentimentos principais dos mesmos. Alguns desses momentos, neste episódio, são a situação, imaginada, de Rui quando grita para Joana de forma veemente e furiosa, expressando claramente a desilusão e até medo de Joana e a fúria de Rui. Outros momentos onde é possível evidenciar esses planos com maior realçamento são os das discussão de Gonçalo com Joana, onde ambos são sempre muito expressivos nos seus rostos e corpos ou na situação tensa que Rui e Mário passaram ao serem atendidos por Tiago, onde era inegável o rosto aflito de Tiago, ao não conseguir servir os clientes, e o rosto julgador e confuso dos dois amigos. Uma situação onde é possível verificar também expressões corporais com foco no plano é na discussão de Cláudio com Carolina durante o jantar com Rui, onde ambos usam gestos utilizando as mãos, como forma de se exprimirem melhor. De salientar o momento final do episódio, da descoberta dos membros do grupo ao serem aprovados. Todos eles têm um destaque nas suas reações efusivas. Nesse momento o público consegue sentir empatia e alegria pelos personagens, compartilhando da felicidade destes e dos seus momentos de conquista.

Figura 5 – uso das cores no interior dos espaços, com casa de Gonçalo e do cenário do casting.

O figurino usado pelos vários personagens acompanha o seu estatuto social, sendo que Gonçalo usa na sua maioria fatos e camisas de trabalho por ser advogado e Rúben tem um estilo mais relaxado, usando uma t-shirt e um casaco desportivo, sendo estes dois personagens os que maior contraste apresentam. Mário, como agente, usa uma roupa elegante, mas não demasiadamente, tal como Gonçalo. Tiago apresenta-se sempre com um figurino simples e de poucas cores. Joana, Tatiana e Carolina apresentam-se sempre elegantes, mas nunca exageradamente. Rui e Cláudio apresentam-se com um visual casual e sempre muito distinto, sendo o visual de Cláudio mais simples nas cores.  

Os personagens masculinos evidenciam figurinos com cores mais frias e escuras na maior parte do seu tempo, ao invés das personagens femininas, que usam cores mais quentes ou brancas.  

O episódio desenrola-se linearmente, não existindo flashbacks ou voltas ao passado, o que torna bastante simples de acompanhar os acontecimentos ao longo do mesmo. Pode-se referir como uma temporalidade simples e delimitada ao presente/futuro. 

Raramente existe música durante os acontecimentos ou após as sequências conduzidas. As músicas de fundo são pouco usadas neste episódio, mas têm um valor e significado relevante para o espectador, na forma como o fazem olhar a situação onde é audível. Rui é o primeiro personagem a ter uma música de fundo, durante os seus pensamentos de começo de dia. Uma música simples, repetitiva e capaz de provocar alguma intriga no espetador. Desta forma evidência o estado monótono da vida de Rui enquanto este faz as suas atividades matinais. Assim sendo, é possível constatar o significado das músicas no estado de espírito e emoções dos personagens, podendo também ser usada como forma de antecipar o arco narrativo que se segue.  

Existe referência a algumas boys bands tais como One direction, Backstreet Boys, etc, ou a atores conhecidos tal como Albano Jerónimo, mencionado por Rui uma vez. 

As setas chamativas na trilha sonora e música  evidenciam e dão pistas ao telespetador acerca do estado de espírito dos personagens. Também as expressões faciais dos personagens dão sinais de emoções e facilitam a leitura do estado emocional, a quem assiste. 

Neste episódio surge um efeito especial narrativo, que é a surpresa da participação e acesso à boys band por parte de Tiago. O empregado incompetente e de aspeto pouco agradável, à primeira vista parece ter um papel pouco relevante no episódio. Contudo, surpreende todos ao aparecer no casting e ao conseguir um lugar graças ao seu talento de canto.  

Figura 6 – reações expressivas do rosto de alguns personagens nas suas discussões ou na situação tensa de mau atendimento a Rui e Mário por parte de Tiago.
Figura 7 – reações corporais expressivas por parte de alguns dos personagens.

À medida que o episódio acontece, é percetível as características dos vários elementos masculinos na série e o lugar que cada um irá preencher. Gonçalo e Rúben sendo escolhidos para a boys Band pelo aspeto visual, Cláudio pelo seu talento em dançar e em fazer coreografias, Tiago pela sua voz e Rui por ser o fundador do grupo em conjunto com o seu agente e amigo Mário.

Figura 8 – Tiago surpreendentemente aparece no casting para a banda, e é aprovado.

Embora Da Mood seja uma série bastante recente e de tema pouco comum de ser trabalhado, a sua atualidade na sociedade atual (em especial na Portuguesa) é extremamente vaga e pouco moderna. Ainda que existam a nível internacional grandes boys bands, com maior destaque no k-pop, a “febre” e surgimento das primeiras boys band remonta aos anos 80/90 e até começo dos anos 2000. Em Portugal, a primeira a ter um maior reconhecimento e sucesso foi a “Excesso”, que surgiu nos finais dos anos 90 e que teve algumas músicas de grande êxito. Outras seguiram o exemplo, tais como os “D’Arrasar” ou “D’Zrt”. Tal como é sabido, as boys bands têm um percurso e um “prazo” de atuação juntos, sendo o mais comum a divisão do grupo passado alguns anos e respetivas carreiras solo ou fundação de negócios relacionados a música após a desagregação. Ainda assim, é importante salientar o retorno aos palcos dos “Excesso”, 20 anos depois, e dos “D’Zrt”, no ano de 2023.Apesar de discutir uma temática que teve bastante repercussão no mundo e em Portugal, sobretudo na década de 80 e 90, e tópicos tão pertinentes da atualidade, como a saúde mental, a série não conseguiu obter um debate consistente entre o público interagente. Este fenómeno pode ser explicado por alguns fatores, externos e internos, tais como pelo pouco interesse do telespetador, o horário a que esta estava a ser exibido, que teve alguns mudanças durante a exibição ou pelo mercado audiovisual reduzido, a que esta esta sujeita.  

Mais concretamente, acerca do primeiro episódio, é possível observar uma tentativa massiva publicitária, por parte dos perfis da RTP e RTP1 de Facebook e de Da Mood de Instagram, Facebook e Twitter, que foram as redes socais observadas para esta análise.  

O primeiro episódio tem poucas reviravoltas e momentos de surpresa. Pode-se concluir dessa forma que este acompanha um padrão estático, apresentando algumas fases, tais como: equilíbrio, interrupção, clímax, resolução de conflitos e retorno do equilíbrio.   

Clímax – momento em que ocorre o casting 

Equilíbrio – vida monótona de Rui no começo sofrendo de ansiedade e pouca vontade de viver 

Interrupção – Rui sofre um acidente de mota, e em consequência tem a inspiração de fundar uma Boys band.  

Resolução de conflitos – decisão final de quem serão os integrantes da boys band com diversidade de membros  

Retorno do equilíbrio – fim da criação da boys band e Rui volta a sentir ansiedade, por medo de palco, ao sentir que o momento se aproxima. Volta a sentir medo ao invés de excitação e no medo ao invés do dinheiro e sucesso que poderia vir a ter.  

É assim possível constatar que o desenvolvimento do episódio se faz através de arcos narrativos simples e com uma interligação entre personagens importantes para o desenrolar da narrativa, contemplando  uma vasta posse de acontecimentos mínimos e limitados que sozinhos teriam um papel insignificante e quase nulo na ação dos personagens e na linha temporal, mas que se tornam significativos e imprescindíveis quando, conjuntamente, criam uma ideia (que se viria a tornar a ideia base da série) e todos os seus constituintes (os personagens com a sua diversidade e as formas como interagem com a ideia, encaixando perfeitamente no que é procurado). Reconhece-se assim que existe uma construção plural dos personagens que será trabalhada ao longo da série.    

A diversidade no primeiro episódio de Da Mood revela-se nas características psicológicas dos personagens, tais como o estado psicológico e os trabalhos dessas. Pelo contrário, não se verifica uma grande diversidade de características físicas e de carácter mais pessoal. 

Os núcleos familiares dos protagonistas são simples e de modelo tradicional e convencional, existindo uma exceção, Carolina (tia de Rui), cujo marido faleceu e esta namora com Cláudio, na atualidade. Nenhum dos membros da boys band revela estar casado, sendo comum estarem em relações de namoro. Cláudio é referido por Rui, numa conversa casual com Mário, que “desde que ela lhe compre aquilo que ele quer” não parece existir uma intriga maior entre os dois, o que sugere um papel mais consumidor de Cláudio, que por norma é associado, preconceituosamente, a mulheres. Outro cenário curioso de analisar é a não participação de qualquer figura negra ou asiática com um papel de relevo no episódio, sendo  escassas aparências figurantes deste tipo, inclusive. Todavia, a participação de figuras brasileiras com alguma importância para a história encontra-se representada por Tiago e Ana, sendo Tiago membro integrante da boys band e Ana com um papel ativo na formação e organização.  

Tal como foi citado no começo, estão representados vários clichés na série, não sendo exceção o primeiro episódio. Ainda que neste episódio a boys band ainda estivesse em processo de criação é possível detetar várias ideias clichés e estereotipadas em algumas situações durante o processo. 

Desde antes da sua criação, ainda no surgimento das ideas de base, Mário refere clichés acerca da criação de uma boys band. Esses implicam que a mesma seja formada por 5 pessoas, existindo o estereótipo de que uma boys band não é acerca de talento ou música, mas da forma de como se idealiza o grupo e se cria uma letra que à primeira vista parece horrível. Na opinião profissional de Mário, uma boys band necessita conter 5 elementos, bem identificados, sendo estes: no mínimo 1 que saiba cantar, 1 dançarino, e pelo menos 2 sex symbol. Desta feita, é notório o estereótipo da procura por membros masculinos que sejam encantadores à vista, ainda que demonstrem pouco talento. É possível detetar a grande importância que Mário atribui a este papel de uma boys band. Também é explícito o estereótipo de uma letra “gozada” por Rui e pouco acarinhada por Carolina, com pouco potencial sério, mas que devido à sua originalidade e diferença terá um futuro na boys band, que deixa uma reflexão acerca do valor comunicacional e intrínseco da letra em si quanto lido e quando cantado por uma boys band.  

Não obstante dos já referidos, podem ser encontrados outros tipos de estereótipos, mais relacionados à vida de alguns personagens. Tiago, que trabalha num restaurante e teve um primeira experiência esquecível com Mário e Rui, é automaticamente julgado por Mário no casting, existindo uma incapacidade de Mário em ver relevância de Tiago na equipa, seja pela primeira má experiência, que pode transmitir que o personagem não tem nenhum tipo de talento ou pelo facto de não ser nada próximo a um sex symbol imaginado e procurado. Pode-se também referir o estereótipo de Joana a Gonçalo, quando este refere querer ser DJ e investir para tal. Joana não considera DJ um trabalho sério ou com algum tipo de futuro promissor, existindo ainda a especificidade de Gonçalo trabalhar como advogado, e ser bastante criticado por Joana quanto à possibilidade de desistir desse tipo de trabalho para trocá-lo pela música, dando uma perspetiva de como o mundo da música e as suas possibilidades são bastantes desvalorizadas e pouco apoiadas, inclusive pelos mais próximos. Ademais, o nome da banda ser de origem fundamentalmente inglesa, de forma a ser uma possível marca internacional futuramente, não dando muitos sinais de que nomes portugueses tivessem a oportunidade de se expandir além de fronteiras, com facilidade. Os personagens estão divididos entre um grupo de membros mais cultos e estudiosos, nas várias áreas, e um grupo mais simples e com trabalhos mais práticos.  

A originalidade de Da Mood é visível, desde logo, pela ideia principal de criação de uma boys band, que irá focar tanto no mundo da música, como em temas mais sensíveis e psicológicos da vida. Não sendo a música um tema abundante no universo audiovisual, cada vez mais os tópicos sobre saúde mental são colocados e debatidos na sociedade. Desta feita, é plausível identificar a série e episódio inicial como tendo uma mescla de originalidade, mas também de tema socialmente debatido na atualidade e que tem sido alvo de uma maior produção e desenvolvimento, sendo de extrema pertinência para os telespetadores.   

É importante ressaltar que Da Mood foi exibida semanalmente num período noturno, no canal televisivo da RTP1 e na plataforma RTP PLAY.  É possível então fazer a constatação de uma pausa comercial, pelos episódios serem distribuídos ao longo de 8 semanas, existindo uma vaga temporal de divulgação e que fomenta entusiasmo no telespetador.  

Análise da Circulação: transmidiação 

As estratégias de transmidiação que vão ser avaliadas serão, em concreto, referentes ao primeiro episódio, focando em tudo o que tenha sido publicado antes e depois da exibição do mesmo, não contendo nenhum tipo de referências aos episódios seguintes, excetuando os comentários e reações do público, que poderão ser globais da série ou focadas no episódio piloto. As plataformas escolhidas para esta análise são  Instagram, Twitter e Facebook. Os perfis explorados dessas mesmas plataformas são as contas oficiais da série Da Mood, com exceção do Facebook, que contará com uma análise dos perfis da RTP, RTP1 e RTP PLAY.  

Instagram  

A conta oficial de Da Mood, no Instagram conta com 88 publicações e cerca de 1555 seguidores (dia 11/04/2023). Apenas 25 foram postadas antes da exibição do segundo episódio ou de estarem relacionados a ele.  

Figura 9 – conta oficial no Instagram e uma postagem em vídeo publicitária.

Dentre as 25 postagens analisadas, cerca de oito têm um formato semelhante, tratando-se de uma divulgação e solicitação, em vídeo, por parte de alguns dos atores participantes para que se assista à estreia oficial, quer no canal televisivo quer na plataforma de streaming da RTP PLAY. Miguel Raposo (Rui) é o primeiro ator a aparecer neste tipo de conteúdo postado (31/05/2022), sendo seguido por Rui Melo (Mário), Carolina Carvalho (Tatiana), Maria João Bastos (Carolina), José Mata (Gonçalo), Rita Tristão da Silva (Joana) e Diniz (breve aparência no primeiro episódio) simultaneamente, e Tiago Teotónio Pereira (Rúben) e por fim Diogo Martins (Cláudio), sendo os últimos quatro referidos a serem postados no mesmo dia da estreia (04/06/2022). É possível identificar duas publicações com músicas de futuros episódios, sendo elas “Dói bué” e “Nada é para sempre”, duas postagens são artes desenhadas do elenco principal, oito são imagens ou vídeos simples de divulgação da estreia, quatro teasers e uma postagem contendo cenas filmadas de vários episódios.

Figura 10 – vídeo divulgativo de Miguel Raposo.

Conclui-se que dos 25 conteúdos publicados existam três reformatados (de antecipação à série) e 12 que se encaixam como conteúdos mais informativos (de promoção), tais como teasers, imagens a divulgar a série ou fotos promocionais. A primeira publicação da conta é realizada dia 31 de maio, a quatro dias da estreia oficial da série, sendo uma imagem publicitária da série e da sua produção. A segunda postagem é um teaser da série e da sua estreia e a terceira o pedido de visionamento por parte de um integrante do elenco principal.  

Pode-se constatar assim que a estratégia inicial do perfil é o de estimular a vontade em se assistir ao episódio piloto. Pode-se enumerar estas três publicações como a apresentação do conteúdo, a sua divulgação e da história, e por fim um apelo de um personagem do elenco principal, que começa justamente pelo seu protagonista. Após essas, existe um momento mais artístico em que os personagens estão num tom de desenhado e prontamente duas publicação de antecipação, a primeira revelando um exclusivo e a segunda com a primeira música que será referida, inclusive, no episódio piloto. Desta maneira é percetível entender que a estratégia usada pelo perfil oficial da série Da Mood no Instagram nas primeiras 25 publicações foca-se num modelo quase circular e que se concentra na promoção do produto, contendo algumas antecipações, de modo a atiçar o apetite do espetador e público, em geral. Considera-se importante referir o facto de não existir nenhum tipo de postagem acerca dos bastidores ou do “por detrás” das gravações.

Figura 11 – comentários e críticas relativas à série, com algumas contas de produtores e atores dentre os exibidos.

Ainda que num âmbito geral, a participação nos comentários tenha sido bastante fraca, considerando que a maior postagem adquiriu 50 comentários e correspondia a um passatempo interativo. A segunda publicação com maior interação teve 26 comentários (a música “Dói bué”), e a terceira foi a postagem com imagens referentes a várias cenas, com 23 comentários. As reações do público às postagens foram de forma geral bastante positivas. Todavia, praticamente todos os feedbacks do público são extremamente curtos, equivalentes por vezes a apenas emojis, não sendo possível revelar quais os pontos em que as pessoas estão mais ou menos entusiasmadas, pois ainda que o número de interações em uma das músicas tenha sido alto a outra música também postada revelou uma quebra de 20 comentários em relação à primeira. É possível identificar as contas oficiais de vários atores do elenco e da produção, SPi e RTP PLAY, comentarem em algumas das publicações. É considerável a não ocorrência de qualquer tipo de feedback negativo nos comentários das 25 primeiras postagens.

Figura 12 – postagem onde se apela à interação do publico, na busca de críticas e opinião relativa ao primeiro episódio, e consequentes comentários da mesma.
Figura 13 – postagem mais mediática e popular junto do público, relacionada a futebol.

Há uma postagem com uma interação direta com o espetador, em que se faz a pergunta qualitativa pessoal acerca do primeiro episódio exibido. Ainda que as respostas, na sua larga maioria, continuem a ser bastantes simples e sem qualquer tipo de detalhe, existem três comentários que se destacam dos demais, justamente pelo seu desenvolvimento. Outra publicação diferenciada é a do dia 02/06/2022, dia de jogo de futebol da seleção principal portuguesa, em que Cristiano Ronaldo é usado como uma imagem publicitária indireta. Ainda que o mesmo não tenha comentado nem interagido de forma alguma, o seu nome e imagem são usados no mesmo dia de um jogo profissional, referindo que nem ele faltará à estreia da estreia de Da Mood. Este tipo de publicação não só teve um objetivo de tentativa mediática e popular junto do potencial público, pela escolha do jogador e data, mas conseguiu inclusive ter uma reação cómica, a avaliar pelos comentários de emojis risonhos e alegres.

Twitter  

Figura 14 – conta oficial de Da Mood na plataforma Twitter e uma das suas publicações com o maior número de “gostos”.

A conta oficial de Da Mood, no Twitter, conta com cerca de 52 seguidores (dia 11/04/2023). A primeira postagem remonta a 31/05/2023. O perfil tem 15 postagens referentes ao primeiro episódio ou anteriores à sua exibição, sendo possível verificar a reciclagem de conteúdo já postado na plataforma do Instagram. Os 12 primeiros conteúdos postados são exatamente iguais ao postados no Instagram, inclusive seguindo a mesma ordem, e os restantes três são também reciclados, sendo a única diferença assinalável a menor quantidade de conteúdo disponível no perfil, em comparação com o semelhante do Instagram. A interação nas postagens é um fator bastante fraco, não existindo qualquer comentário relativo ao conteúdo postado e contendo um número de “gostos” igual ou inferior a três. Releva-se, contudo, o facto de duas postagens terem sido retweetadas, ainda que apenas uma vez cada, sendo elas a música “Nada é para sempre”, publicada antes do episódio referente e uma publicação que anuncia a disponibilidade de todas as músicas da série nas plataformas de streaming. 

Quanto às postagens realizadas pelo público, quando procurado por “Da mood RTP” na aba de buscas da plataforma, as buscas revelam uma maior variedade de opiniões e postagens. Antes da estreia, tweets que mencionam o elenco brasileiro e notícias acerca da produção da série.

Figura 15 – tweets anteriores à estreia da série, relacionados com elenco brasileiro que fará parte e notícias relacionadas à produção

Depois da estreia existem alguns comentários positivos e acerca da qualidade da série, mas também é possível encarar críticas negativas acerca da mudança horária implementada pela RTP1 ou à ideia geral da série em si. As ações de transmidiação no perfil do Twitter não solicitam nem incentivam qualquer tipo de participação direta do público, apelando mais concretamente à visualização dos episódios. Em síntese, a plataforma ajusta-se apenas a uma simples ferramenta de divulgação de conteúdo da série.

Figura 16 – críticas positivas e negativas relacionadas com a série Da Mood
Figura 17 – crítica relativa à constante mudança horária dos episódios da série, em especial nos episódios finais.

Facebook

A conta oficial de Da Mood na plataforma do Facebook é, também ela, extremamente semelhante aos perfis, quer de Instagram quer de Twitter. Os conteúdos postados encontram-se novamente com o mesmo objetivo dos anteriores, numa estratégica repetitiva e divulgadora de conteúdo da série. A página apresenta 114 gostos e 158 seguidores (12/04/2023). Ao contrário do que acontece entre Twitter e Instagram, onde Twitter apresenta um défice de conteúdos comparativamente ao Instagram, o perfil no Facebook dispõe dos 25 conteúdos postados no Instagram, sendo ambas as abas de postagens totalmente semelhantes.  

A primeira publicação data ao dia 31/05/2022, tendo 13 reações e três partilhas. Existem 13 postagens dentre as 25 analisadas que contem algum tipo de partilha de outros usuários, sendo a publicação da música “DÓI BUÉ”, no dia 01/06/2022, a que mais interações teve neste campo analisado, usufruindo ainda de ser a publicação que porta o maior número de reações (gostos), com cerca de 20 e de comentários, com sete. A média de reações por postagem é de 10, tendo a maior 20 e a menor cinco. Apenas 12 publicações contem comentários, sendo na sua grande maioria comentários positivos, existindo apenas um comentário negativo, acerca do primeiro episódio, onde é referida a pouca ação e muita melancolia. Parte dos comentários apresentados em várias postagens são escritos pelas mesmas pessoas, existindo um universo de público interativo bastante ínfimo. 

Figura 18 – comentários positivos e negativos das várias publicações

Comparativamente entre Twitter (52 seguidores), Facebook (158) e Instagram (1555 seguidores), o Instagram apresenta-se como a plataforma com maior destaque e interações dentre o público.

Figura 19 – perfil oficial de Da Mood no Facebook

Uma vez que existem ferramentas na plataforma do Facebook que facilitam a procura de conteúdos no espaço/tempo dos perfis, foi feita uma análise semelhante às anteriormente efetuadas nas outras plataformas, contudo, aqui também serão analisados perfis referentes à estação televisiva e de streaming responsável pela série. Começando pela análise do perfil da RTP PLAY, serviço de streaming onde é possível rever a série, esta apresenta apenas três publicações referentes ao episódio piloto. A primeira publicação exibe imagens de futuras cenas da série, em especial do primeiro episódio, juntamente com uma breve sinopse, tendo 2 partilhas e 14 reações na sua contabilidade total. A segunda publicação contém quatro partilhas e 22 “gostos”, sendo postada no dia de estreia (4 de junho de 2022) e anunciando a disponibilidade na RTP PLAY. O terceiro, e último conteúdo postado referente ao primeiro episódio, demonstra uma das cenas entre Cláudio e Carolina, estando legendada com as falas dos mesmos, podendo considerar-se como uma cena engraçada para o espetador.  

É possível concluir que as duas primeiras postagens têm uma índole mais divulgativa e direta, tendo a terceira postagem um objetivo mais cómico e demonstrativo do episódio e do seu humor. Das três publicações referidas, esta última é a que apresenta uma maior interação do público, possuindo 31 reações (entre elas reações de riso) e sete partilhas, conseguindo ganhar proximidade com o público. 

Figura 20 – imagem da terceira publicação, referente a uma cena mais descontraída e cómica, na visão do espetador.

No perfil oficial da RTP, estão disponíveis quatro postagens de acordo com a análise efetuada, referente ao primeiro episódio. Três dos quatro conteúdos postados tratam de pequenos trechos de vídeo dos primeiros momentos da série, correspondendo o restante a um link para uma página com informações extra, por parte da RTP, da série. As reações às publicações variam entre as 27 e as 34. O número de partilhas individual de cada postagem não ultrapassa as três. Apenas uma das postagens possui comentários (2) sendo dividido entre um positivo, que refere expetativas boas acerca da série e negativo, em que se critica em tom de pergunta se o texto linguístico foi revisto antes da gravação da cena exibida no trecho da publicação.

Figura 21 – algumas das imagens relativas à primeira publicação do perfil da RTP PLAY no Facebook, referente a Da Mood.
Figura 22 – comentários referentes aos conteúdos publicados na conta de Facebook da RTP.

Já no perfil oficial da RTP1, canal onde foi exibida a série, existem cinco postagens que entram no processo de análise optado. Tendo em comum com o perfil da RTP três das cinco postagens, referentes a trechos de vídeo com cenas dos primeiros momentos da série, a RTP1 confere na sua aba de postagens mais mais vídeos simples do mesmo género, compondo assim os cinco conteúdos referentes a Da Mood. O universo de reações varia entre os 24 e os 58, sendo, coincidentemente, o vídeo referente ao momento mais cómico, citado acima no perfil da RTP PLAY. Apenas duas publicações contemplam comentários, sendo ao todo quatro, havendo um que se trata de uma clara crítica ao tema escolhido pela operadora RTP, relacionada à música, contudo, sem justificação ou desenvolvimento da opinião. Três das postagens tiveram partilhas, variando entre um e três.

Figura 23 – comentários relativos a Da Mood no perfil da RTP1.

Totalizando todos os tweets e interações do público nas várias redes sociais e perfis, constata-se que na sua grande maioria estes se apresentaram de forma monótona e pouco criativa, com exceção da plataforma do Facebook, que exprimiu por duas vezes diferentes uma publicação com maior teor de proximidade, comédia e inovação, ainda que nessas duas vezes a cena exibida tenha sido a mesma, com a diferença de uma ser em vídeo e a outra em imagem legendada. Todos os tweets de perfis oficiais são constituídos por imagem ou vídeo, não havendo diversidade de elementos ou crossovers. A interação dos espetadores sempre demonstrou ser bastante rasa e simplificada, não se notando qualquer uso de imagens ou GIFs na complementação dos seus comentários ou tweets, com exceção de uma crítica à mudança horária constante, exposta na plataforma do Twitter.  

Os telespetadores, na sua esmagadora maioria, demonstraram-se bastante ansiosos e com boas expetativas em relação à estreia, sendo que a crítica negativa demonstrou ser residual. No decurso da antestreia e pós estreia não foi visível qualquer tipo de teia colaborativa entre os usuários das plataformas, não sendo digno de registo qualquer tipo de troca de informações, relatos ou discussões dentre os espetadores. A série não parece ter incentivado  nenhum tipo de partilha de memória ou acontecimento passado ou conhecido, não existindo nenhum tipo de interação relativa a esse tópico.  

Os únicos comentários registados que adentram na temática da série e se desenvolvem são três, em que se destaca a performance do elenco e os pormenores de texto do guião, que surpreendem o telespetador que comentou. Outro dos comentários refere entusiasmo e curiosidade com a formação da banda, por esta misturar elementos tão diferenciados entre si. 

Por fim, ainda que trate de temas diferenciados na televisão portuguesa, tais como o mundo da música e temas mais sérios como depressão e ansiedade, a proposta não parece ser fértil ou estimulante o suficiente de forma a suscitar novas problemáticas e discussões entre o público.  

Figura 24: Exemplos de tipos de postagens do perfil RTP PLAY, no Facebook

Observatório da Qualidade no Audiovisual

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