Observatório da Qualidade no Audiovisual

Condomínio Jaqueline

  • Criação: Pedro Aguilera, Geórgia Costa Araújo, Daniel Grinspum
  • Duração: 25 minutos
  • Período de exibição: 15/02/2016 a 15/03/2016
  • Nº de episódios: 5

Produzida pelo canal pago Fox em parceria com o estúdio Coração da Selva, a série Condomínio Jaqueline foi ao ar em 2016. A trama, que integrava o lançamento da nova plataforma de distribuição de conteúdo da emissora, contou com cinco episódios de 25 minutos de duração. Estruturada a partir de arcos narrativos episódicos, a história era protagonizada por Zezé Motta. A atriz interpreta Dona Maria Helena, a síndica do condomínio. Os episódios da série partem sempre do mesmo conflito: a morte de Dona Maria Helena (Zezé Motta) e o possível substituto ao seu posto. A cada novo episódio um personagem da atração se candidata, entre os candidatos estão Seu Figueiredo (Luciano Chirolli), Nill (Raul Chequer), Wládia (Paula Pretta), Sandra (Sílvia Lourenço), Cris (Ed Moraes) e Rubens (Rafael Pimenta).

Gravada em um prédio no centro da cidade de São Paulo, Condomínio Jaqueline é narrada por Herbert Richers Jr. e apresenta um universo ficcional lúdico e fantástico. Apesar de investimento da Fox na distribuição da atração, a série não foi bem recebida pelo público e pela crítica especializada. Atualmente, a primeira temporada de Condomínio Jaqueline no serviço on demand Fox Premium.

No Plano da Expressão iremos analisar os indicadores: ambientação, caracterização dos personagens, trilha sonora, fotografia e edição.

A ambientação de Condomínio Jaqueline é fundamental para a construção do universo ficcional da série. Como a trama explora o caráter lúdico do condomínio e, principalmente, dos moradores do lugar cada elemento contribui para a imersão dos telespectadores. Nesse sentido, as locações do programa dialogam com a proposta estética dos criados, os móveis coloniais, salas com muitos objetos decorativos, etc.

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Nesse sentido, os elementos cênicos mostram ao público as peculiaridades do lugar. Como, por exemplo, o corredor cheio de lustres, a sala de reunião com muitos quadros. As cores e objetos usados em cada locação também dialogam com o perfil dos personagens. No apartamento de Nil (Raul Chequer) podemos observar a predominância de objetos relacionados ao espaço, já no de Sandra (Sílvia Lourenço) vemos muitas miniaturas e réplicas de animais.

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Dessa forma, o indicador é um ponto importante na construção do universo ficcional da série e reforça as peculiaridades do condomínio e dos seus moradores.

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A caracterização dos personagens remete a ambientação dos apartamentos de cada morador. Como, por exemplo, Seu Figueiredo (Luciano Chirolli) por ser um militar a decoração do seu apartamento faz alusão a cavalos, elementos de guerra e as suas roupas remetem ao uniforme de um soldado, com muitas medalhas e condecorações. Dessa forma, apesar de cariciado e distante da realidade, a caracterização dos personagens cumpre o seu papel de reforçar o caráter lúdico de o Condomínio Jaqueline. Porém, em momento algum o figurino estimula o público a interpretações mais densas ou amplas.

A trilha sonora de o Condomínio Jaqueline é composta, em sua maioria, por músicas instrumentais. O recurso é usado pontualmente na trama, principalmente nos momentos de conflito e transição de cena.

O mesmo acontece na abertura da série, a trilha instrumental acompanha a apresentação dos personagens até chegar na localização do condomínio onde se passa a história. Nesse sentido, a trilha reforça o mistério em torno dos arcos narrativos e contribui para os desdobramentos da trama.

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A fotografia de Condomínio Jaqueline é pautada por tons pasteis e rosa claro, as cores dialogam com a fachada do condomínio e dão um aspecto lúdico as sequências. A coloração das cenas é um aspecto importante na construção do universo ficcional da série. Por se tratar de personagens peculiares a paleta de cores usada em cada apartamento dialoga com o perfil de cada morador.

Por fim, Condomínio Jaqueline apresenta uma edição linear. Os flashbacks são explorados em momentos específicos da atração. Nesse sentido, os acontecimentos da série seguem uma ordem cronológica e as analpses são didaticamente pontuadas para o telespectador através de setas chamativas.

No Plano do Conteúdo iremos destacar os seguintes indicadores: intertextualidade, escassez de setas chamativas, efeitos especiais narrativos, recursos de storytelling e transmedia literacy.

Por se passar em um universo peculiar e distante da realidade, o Condomínio Jaqueline não apresenta referências externas à trama. Isto é, nos episódios analisados não foram observados citações de filmes, acontecimentos atuais entre outros recursos que explorem camadas de significados que vão além da própria série. Dessa forma, o indicador não foi intensificado.

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Os desdobramentos das microestruturas e das macroestruturas de o Condomínio Jaqueline não exigem muito esforço analítico do telespectador. Os acontecimentos da história são facilmente compreendidos através de cartazes narrativos que auxiliam o público a entender o que está acontecendo. As setas chamativas estão presentes na série de várias formas, através dos diálogos dos personagens que constantemente retomam os pontos mais importantes da trama, por meio dos figurinos e dos elementos cênicos que, de certa forma, resumem o perfil de cada um dos personagens facilitando a leitura do público.  Desta forma, o indicador não foi observado episódios da série.

Apesar de apresentar conflitos e clímax, os desdobramentos narrativos de o Condomínio Jaqueline obrigam o telespectador a reconsiderar tudo o que viu até então. Em outras palavras, a estrutura narrativa da série é dividida em cinco atos: equilíbrio, interrupção, clímax, resolução de conflitos e retorno do equilíbrio. Nesse sentido, o indicador efeitos especiais narrativo não foi identificado.

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As analepses e sequências fantasiosas são usadas em momentos pontuais da trama e, como discutimos anteriormente, em meio a setas chamativas. Dessa forma, todo mudança cronológica e estética na série é sinalizada, reduzindo o esforço analítico do público.

As ações transmídia de Condomínio Jaqueline foram direcionadas para o site da série na Fox. Os vídeos, de curta duração, mostravam entrevista com o elenco, os bastidores da atração e os detalhes do processo criativo.

Ao ter acesso a essas informações telespectador tem a ‘opção’ de assistir as cenas com a suspensão da descrença ou com respeito renovado pela perícia e competência técnica que tornava a cena crível. Entretanto, apesar de explorar novas perspectivas da trama, a ação transmídia não estimula o entendimento crítico do público ao correlacionar contextos linguísticos distintos e informações dissipares. Nesse contexto, o indicador transmedia literacy não foi identificado.

Por Daiana Sigiliano

Observatório da Qualidade no Audiovisual

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