Observatório da Qualidade no Audiovisual

Xadrez da Ultra Direita Mundial à ameaça Eleitoral

Por Ana Luiza Pires e Jhenifer Corrêa

“Xadrez da Ultra Direita Mundial à Ameaça Eleitoral” é um documentário produzido pelo Jornal GGN. Tendo como roteirista e apresentador o jornalista Luis Nassif, foi lançado em 07 de setembro de 2022, mesmo ano do bicentenário da Independência do Brasil, e traz de forma crítica a maneira como na última década, conduzindo as peças de um “jogo”, a ultradireita criou ações e passos estratégicos que resultaram em uma ameaça às campanhas eleitorais. 

A produção é estruturada usando analogia às peças de xadrez. Somos apresentados a dez delas que trabalham para demonstrar como igual ao jogo, temos a ultradireita remetida à jogador, que de pouco em pouco vai conquistando seu espaço, mesmo que perca algumas peças no caminho. Cada uma delas demonstra que mesmo fora do país o método utilizado para captar a atenção da população é o mesmo, e o jornalista Luis Nassif traz essa percepção e como tal método foi inserido e influenciou nas campanhas eleitorais. Todas as informações inseridas no documentário fazem parte de um conjunto de matérias conduzidas pelo próprio jornalista e que estão disponíveis no site do Jornal GGN. 

De um a dez, essas foram as peças movidas pela ultradireita, e também a estrutura que Nassif utilizou para conduzir o documentário: 

Peça 1: O milionário recluso 

Nessa primeira parte somos apresentados à Robert Mercer, figura central do uso dos algoritmos com propósitos políticos, cujo sucesso inclui vitórias em campanhas para figuras como Donald Trump, Jair Bolsonaro, Viktor Orbán na Hungria, Matteo Salvini na Itália, o partido Vox na Espanha e Marine Le Pen na França. Mercer, um dos primeiros tecnólogos a trabalhar com inteligência artificial, é conhecido por ser proprietário do fundo hedge Renaissance Technologies. A origem da Cambridge Analytica, anteriormente chamada de SCL Elections, uma empresa especializada em guerra psicológica e guerras híbridas, também é atribuída a ele. O foco também se estende a Peter Thiel, cofundador do PayPal e um importante investidor do Facebook, que foi um dos primeiros defensores de Trump no Vale do Silício e uma das primeiras empresas de mineração de dados a obter contratos com governos de todo o mundo. Somos apresentados a esse crescente poder de influência de empresários poderosos buscando moldar a opinião pública online tem levantado preocupações sobre a compatibilidade entre liberdade e democracia. A tecnologia empregada pela Cambridge Analytica foi desenvolvida por Chris Wylis, proprietário da AggregateIQ. E concluindo essa primeira parte, vemos sobre um dos primeiros projetos da Cambridge Analytica, conhecido como Trindade, que utilizava big data para persuadir a população jovem a boicotar as eleições, refletindo a aplicação da tecnologia para manipular emoções por forças militares e posteriormente adotada por bilionários para influenciar eleições, derrubar regimes e promover golpes de estado, tudo sem o conhecimento das pessoas. 

 

Peça 2: A primeira Guerra e o fator Murdoch 

A segunda parte discute a forma como a disputa pelo uso e controle das redes sociais teve início, o que ocorreu na campanha de Barack Obama para presidente. Nesse período, o Partido Republicano recorreu a um movimento de fake news, tendo como peça central a Fox News, devido à vontade generalizada da Imprensa corporativa em relação a Obama. O autor ressalta a participação de grupos de voluntários que, em contraponto, se organizaram nas redes, abrindo caminho para a vitória de Obama, criando a partir desses movimentos dois tipos de ativismo nas redes: o ativismo do liberalismo progressista, bancado por bilionários ligados ao partido Democrata, que visava influenciar o midiativismo em outros países, e o ativismo dos algoritmos da quebra de analítica, que ajudou a eleger Donald Trump, expandindo a ultradireita mundial. 

Peça 3: Atividades marginais descobrem a ultradireita 

Temos essa peça com foco em três tópicos. O primeiro aborda a influência da máfia de Las Vegas, especialmente através do lobby dos cassinos, no financiamento e apoio à ultradireita política. Além disso, como os cassinos têm histórico de conexão com a máfia e organizações criminosas em vários países, e como a expansão dos jogos eletrônicos online proporcionou uma oportunidade de mercado para alianças com grupos de ultradireita em todo o mundo. No Brasil, durante a gestão de Jair Bolsonaro, o lobby dos cassinos tornou-se uma questão delicada, com pressão do Centrão para legalizar os jogos de azar, apoiado pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, e pressão da bancada evangélica para vetar a proposta. Além disso, destaca-se a aliança entre grupos de ultradireita e o lobby dos cassinos, introduzida por Sheldon Adelson, presidente da Las Vegas Sands Corporation, que também financiou mudanças na política externa e possui interesses comerciais em vários países. Paralelamente, se aborda a relação de Eduardo Bolsonaro com a Associação Nacional do Rifle (NRA) dos Estados Unidos, conhecida por defender o porte de armas, e seu envolvimento com grupos armamentistas, defendendo ideias de extrema direita no Brasil. Finalizando, menciona as políticas anti-ambientalistas adotadas pelo governo Bolsonaro para evitar restrições comerciais impostas ao Brasil em relação ao tratado com a União Europeia, com apoio de grupos conservadores americanos ligados a Donald Trump, como o Movimento Brasil Livre (MBL) financiado por empresários da indústria de petróleo, como os irmãos Koch. Esses grupos têm uma plataforma política que inclui a revogação de leis de proteção ambiental e a negação das mudanças climáticas. 

Peça 4: A mídia brasileira descobre o discurso do ódio 

A peça explica a forma como as movimentações da imprensa brasileira, juntamente com outros movimentos mencionados, acabaram tornando o Brasil o principal alvo da ultra-direita mundial. Quando o Partido dos Trabalhadores (PT) se movimentou para a centro-esquerda (a social-democracia), isso acabou desalojando o seu principal adversário nesse período: o PSDB. Com a popularidade de Lula chegando ao seu ápice, o PSDB foi sendo deslocado e se tornando, em consequência, um partido com força política de menor relevância, gerando na mídia discursos que contestavam seus posicionamentos e lideranças. 

Junto a isso, o modelo econômico dos grupos de mídia tradicionais entrou em crise, e a estratégia para enfrentar a quebra de barreiras representada pelos novos meios de comunicação foi aderir à política. O movimento gera uma ressignificação na mídia brasileira, que descobre a partir disso o discurso de ódio. A ação se inicia a partir da campanha do desabamento, com a revista Veja, que cria matérias e uma sequência de capas de revistas que jogam o jornalismo brasileiro no ponto mais baixo de sua história, o que resulta em um período turbulento e de disseminação do ódio político.

Fonte: Reprodução/Jornal GGN

Fonte: Reprodução

Peça 5: O Pacto com os militares 

Uma das principais táticas para a ascensão do bolsonarismo foi o pacto com os militares, iniciado em 2013. Apesar da antipatia que estes possuíam em relação ao futuro candidato à presidência, a figura de Bolsonaro se torna, em pouco tempo, a que melhor representa o grupo, principalmente após a criação da Comissão da Verdade em 2013, (CNV) idealizada pela então presidenta Dilma Rousseff, que tinha como objetivo investigar as violações de direitos praticadas pelo Estado entre 1946 e 1988, com foco nos 21 anos de ditadura militar. Dado o apoio dos militares, no ano seguinte Bolsonaro começa a frequentar as cerimônias na Academia Militar das Agulhas Negras, se apresentando como um possível candidato. Em 2016, os militares entraram diretamente na campanha para acompanhar Bolsonaro, fazendo parte do programa de apoio para o seu governo. 

Peça 6 : Bolsonaro se prepara para o Golpe 

A peça explica as principais ações de Jair Bolsonaro assim que tomou posse do governo, em janeiro de 2019, abatendo todas as restrições regulatórias que eram um contraponto para o trabalho das milícias e das máfias internacionais, bloqueando também parte do capital financeiro ao lado da porcentagem de pessoas que sempre apoiaram a ditadura militar. 

Nessa escalada de parcerias, Bolsonaro toma as seguintes ações: flexibiliza as regras das Vaquejadas, favorece a indústria do lixo, autoriza o garimpo em terras indígenas beneficiando grupos norte-americanos ligados a Trump, ajuda a indústria de sonegação de combustíveis com os desmontes do Inmetro, tenta interferir na fiscalização do Porto de Itaguaí (porta de entrada do contrabando de armas), facilita a importação de jet skis e atuando para a legalização dos cassinos e exoneração dos responsáveis pela fiscalização de produtos controlados pelo exército. Além disso, se envolve em diferentes irregularidades e escândalos envolvendo o Ministério da Saúde durante a pandemia. 

Peça 7: A população armada 

Em paralelo aos fatos mencionados, a peça ressalta os investimentos do governo na parte mais nociva do seu projeto de poder: o armamento efetivo da população e seus apoiadores, que ocorreu por três vias: a criação de decretos e leis que permitiram a facilidade para compra e porte de armas, a multiplicação dos clubes de tiro e das licenças CACs (caçadores, atiradores e colecionadores registrados), o desmonte da fiscalização da Receita e da Polícia Federal no Porto de Itaguaí, porta de entrada do contrabando de armas no país, e a flexibilização do controle do exército sobre o registro de armas e munições. A ação resultou em um aumento considerável de licenças vigentes para os CACs, resultando, atualmente, em um número de civis armados maior que o de militares no Brasil. 

Peça 8: O controle cibernético pelos militares 

Nessa peça somos apresentados ao papel das Forças Armadas que desempenharam um papel mais central no governo Bolsonaro, assumindo posições tradicionalmente ocupadas por civis. Partindo para informações sobre o Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), composto por militares das três Forças Armadas, sendo um órgão de inteligência cibernética  atuante em setores estratégicos e políticos, criado em 2016 e inserido no Escritório de Projetos do Exército. Vemos sobre uma suposta disputa entre a nomeação do General Heber Portella para integrar a Comissão de Transparência das Eleições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, a respeito da divulgação de relatórios militares ao TSE sobre o sistema eleitoral, com uma solicitação de divulgação dos arquivos ao TSE. Além disso, vemos sobre o ato de Portella que contratou uma empresa de cibersegurança israelense, o que resultou em um pedido de investigação pelo Tribunal de Contas da União. 

Peça 9: As empresas de cibersegurança 

Essa peça analisa a maneira em que durante o governo Bolsonaro, diversos órgãos da administração pública adquiriram sistemas de cibersegurança e espionagem, como o Comando de Defesa Cibernética do Exército (ComDCiber) e a Secretária de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça. Sistemas utilizados em práticas de guerra cibernética, suscitando controvérsias e suspeitas sobre seu emprego em processos eleitorais pela ultradireita. Algumas empresas israelenses, como a Kryptus, foram beneficiadas com contratações governamentais sem licitação, fornecendo sistemas de segurança para urnas eletrônicas. Além disso, sistemas de espionagem, como a Harpia Tech e o Córtex, foram adquiridos pela Seopi, levando à investigação pelo Tribunal de Contas da União. O ComDCiber, comprou sistemas da empresa israelense CySource e da Cellebrite, permitindo análise de malware e extração de dados de celulares, que gerou questionamentos sobre seu uso legítimo, uma vez que o Comando não tem permissão judicial para acessar dados de cidadãos investigados. Somos apresentados à ligações entre empresas de espionagem e hackeamento de Israel, que receberam contratos milionários, uma delas sendo a Cognyte, que recebeu mais de R$ 17 milhões do governo e seus representantes foram alvo da Operação Chabu, acusados de oferecer acesso a dados sigilosos de investigações estaduais e federais a investigados de organizações criminosas. 

Peça 10: O álibi das urnas 

Nessa peça final, temos a participação de diversos nomes importantes no quesito eleitoral, incluindo os criadores da urna eletrônica, que foi grande alvo de ataques diretos de Bolsonaro, que sempre levantou dúvidas sobre a confiabilidade e segurança das mesmas. Temos um foco muito grande nas entrevistas, trazendo informações que batem de frente com  a opinião do ex-presidente, demonstrando a partir de fontes primárias diversos motivos que desmerecem todas as suas falas, expondo a segurança das urnas. 

As dimensões da competência midiática 

Na dimensão linguagem é possível observar a objetividade da explicação do conteúdo, que traz a informação de forma didática a partir das descrições do apresentador.  Quanto à estética, o uso de imagens de arquivo, assim como entrevistas e debates, estruturam a narrativa da produção. Destaca-se ainda a colorização com os tons bastante quentes na fotografia, juntamente ao desenho de som, que traz elementos que sublinham a fala dos participantes, conferindo-lhes um tom dramático, quase ficcional. 

Também pode ser observada a dimensão Processos de Produção e Difusão, que engloba desde a fase inicial de pesquisa até a divulgação, incluindo roteiro, produção, direção de arte, fotografia, edição, design de som e divulgação, sendo cada uma dessas etapas fundamentais para o resultado final.

A dimensão Tecnologia se enfatiza na edição e montagem do filme, onde os recursos tecnológicos contemporâneos permitem a integração de diversos elementos, como entrevistas, arquivos e gravações de tela, que articulam o conteúdo de forma eficaz. 

Os Processos de Interação destacam a participação ativa do público quanto ao documentário. Apesar da censura que o filme tem sofrido e das ameaças de ser retirado da plataforma do YouTube, onde foi veiculado, é notável que as principais interações com o trabalho avaliam positivamente a produção. 

Fonte: Reprodução

Através da dimensão Ideologia e Valores, somos incentivados a questionar as mensagens transmitidas pelos autores, estando atentos às intenções contidas na obra e à influência da narrativa sobre nós. Esta dimensão nos convida a refletir sobre como a construção cinematográfica pode moldar nossa percepção, seja através da seleção de personagens, escolhas estéticas, tom de voz do apresentador, ou no ritmo de montagem. Além disso, engloba a habilidade de discernir as intenções e interesses por trás das mensagens midiáticas, reconhecendo-as como reflexos de um tempo e dos valores do contexto social vivido. 

O documentário aborda as ações da ultradireita pelo mundo, principalmente na última década, trazendo através de Luís Nassif as estratégias e movimentações realizadas por esta, e como esses movimentos se tornaram uma ameaça às campanhas eleitorais. Nesta dimensão, é viável refletir sobre a construção do filme e como cada elemento presente colabora para comunicar uma mensagem final. A posição do apresentador, que se mostra objetivo na explicação do conteúdo, transmite confiança a quem assiste, e ao fundamentar-se nas contribuições de outros profissionais para abordar o tema, demonstra o comprometimento com os fatos. No entanto, é importante considerar que, embora esta obra tenha características jornalísticas, sua narrativa é formulada a partir da perspectiva de Nassif, o que a torna parcial.

A parcialidade é inerente ao gênero, e, nesse sentido, é importante considerar a seleção dos elementos que compõem a narrativa. Ao escolher imagens de arquivo específicas, utilizar efeitos sonoros para enfatizar determinados discursos e adotar enquadramentos que destacam o apresentador, a direção do documentário reforça determinadas ideias e valores. Além disso, a escolha dos participantes convidados, como pesquisadores e estudiosos políticos, não é feita de maneira neutra, mas sim com o propósito de sustentar uma perspectiva específica.

Além disso, outro ponto de destaque está nos tons quentes utilizados durante o filme, mas que se esvai com a mensagem final do apresentador. 

Fonte: Reprodução

Se ao longo do filme surge um sentimento de desconforto, de algo incomum, ou até mesmo questionamentos sobre as escolhas estéticas da direção, o comentário final de Nassif sobre a luta pela democracia e os desafios enfrentados nos últimos anos proporciona uma mudança na tonalidade da fotografia, que agora se torna suave. Isso nos leva a perceber que as cores quentes não estavam lá por acaso, mas foram deliberadamente inseridas como um elemento que pode ter influenciado nossa percepção do conteúdo, mesmo que de forma inconsciente.

O documentário nos convida a refletir sobre o cenário político global dos últimos anos, destacando os movimentos da ultradireita em várias partes do mundo. Examina como, por meio de passos estratégicos, esse movimento conseguiu influenciar tanto as campanhas eleitorais quanto a política contemporânea.

A produção não apenas aborda as estratégias da ultradireita mundial, mas também levanta questões que convidam à reflexão, e nos leva a pensar sobre a influência dos conteúdos midiáticos em nossas percepções. Num contexto de grande volume de informações disponíveis, torna-se crucial adotar uma postura crítica em relação ao que consumimos. Não se trata de rotular os conteúdos como bons ou ruins, mas sim de examinar as mensagens que eles transmitem, tanto de forma explícita quanto implícita, e refletir sobre como essas mensagens são construídas.

Referências: 

CADERNO pedagógico de competência midiática e documentário. 7 jul. 2021. Disponível em:https://observatoriodoaudiovisual.com.br/blog/caderno-pedagogico-de-competencia-midiatica-e-documentario/. Acesso em: 1 ago. 2023. 

DOCUMENTÁRIO Xadrez da ultradireita mundial à ameaça eleitoral. 8 set. 2022. 1 vídeo (64 min 32 s). Publicado pelo canal TV GGN. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nvQl8C-OA2Q. Acesso em: 5 jul. 2023. 

FERRÉS, Joan; PISCITELLI, Alejandro. Competência midiática: proposta articulada de dimensões e indicadores. Lumina, v. 9, n. 1, p. 01-16, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/21183/11521. Acesso em: 28 jul. 2023. 

GABRIELA Borges – O que é Literacia Midiática (I Simpósio Internacional de Literacia Midiática). 13 set. 2017. 1 vídeo (45 s). Publicado pelo canal Observatório da Qualidade no Audiovisual. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xD8gm50I2Gc. Acesso em: 28 jul. 2023. 

OFICINA de Documentário | Introdução. 5 jun. 2021. 1 vídeo (10 min 20 s). Publicado pelo canal Observatório da Qualidade no Audiovisual. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=riX3NR04pQs. Acesso em: 28 jul. 2023.

NASSIF, L. Entenda o documentário da ultradireita. Disponível em: https://jornalggn.com.br/xadrez-ultradireita/xadrez-da-ultradireita-pecas/. Acesso em: 17 jul. 2023.

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