Equipe
2016-2017: Daiana Sigiliano
2019: Antônio Bastos
Marcada pela convergência da experiência televisiva com as novas mídias, a social TV se refere compartilhamento de conteúdos (comentários, memes, vídeos, montagens, fotos e etc.) feito através das redes sociais (Twitter, Facebook, Instagram e etc.) e dos aplicativos de segunda tela (TV Showtime, TV Tag, Viggle e etc.) de maneira síncrona ao fluxo televisivo (PROULX; SHEPATIN, 2012; BORGES; SIGILIANO, 2016). O fenômeno possibilita novas apropriações, subversões e amplificações do watercooler, isto é, a intermediação da conversação por plataformas digitais permite a interação em tempo real entre os telespectadores interagentes, ressignificando a experiência compartilhada.
No âmbito das narrativas ficcionais seriadas estadunidenses a social TV possibilita que os telespectadores interagentes compartilhem suas impressões e discutam sobre os arcos narrativos das histórias. Neste sentido, à medida que as atrações vão ao ar o público repercute os universos ficcionais, expandindo, aprofundando e resinificando as tramas. Entre as redes sociais e aplicativos de segunda tela o Twitter é a plataforma central da social TV, o fluxo always on do microblogging vai ao encontro da temporalidade da grade de programação estabelecendo uma sinergia entre o presente contínuo da rede social e da televisão.
Ao entrelaçar o fluxo televisivo e a temporalidade instantânea do Twitter a social TV reforça o conceito de laço social de Wolton (1996), pois o caráter híbrido do fenômeno engendra novas possibilidades de sociabilidade em torno da experiência televisiva. A formação de comunidades momentâneas no backchannel amplia o watercooler ao estabelecer múltiplas formas de compartilhamento de ideias e expressões. A arquitetura informacional do microblogging propicia a reunião de inúmeros interlocutores geograficamente distantes e que, geralmente, não possuem relações pré-existentes. Essa conversação em rede que se estabelece na social TV faz com que o telespectador assuma o posto de interagente, propagando e repercutindo a atração que está no ar naquele instante. Apesar de serem fugazes, ou seja, se configurarem apenas durante a exibição das séries, as comunidades momentâneas produzem conteúdos que não só reforçam o universo ficcional, mas que exploram novas perspectivas da trama através de fotos, montagens, memes e comentários.
As narrativas ficcionais seriadas contemporâneas estimulam a criação de teias colaborativas no backchannel. Para preencher as lacunas narrativas e explorar as intertextualidades os telespectadores interagentes criam arcabouços informacionais em que cada um contribuí de uma forma para a compreensão do episódio que está sendo exibido. Apesar de o compartilhamento de conhecimento ser uma prática comum nas produções seriadas da Post-Network Television, na social TV esses repositórios, gerados a partir das indexações e das conexões assimétricas do Twitter, são formados de maneira síncrona ao fluxo televisivo. À medida que as cenas vão ao ar o público discute os desdobramentos narrativos da atração de forma colaborativa.
Ao contrário das comunidades virtuais dos fóruns de discussão e dos sites especializados, em que os membros possuem vínculos minimamente afetivos, no backchannel as relações são estabelecidas a partir da temporalidade compartilhada. Nesse contexto, além dos telespectadores interagentes não possuírem vínculos pré-existentes a construção do conhecimento coletivo só acontece durante a exibição do programa. Entretanto, a construção de teias colaborativas no backchannel ressalta um dos principais desdobramentos da social TV, em que os conteúdos compartilhados pelos telespectadores interagentes no âmbito das narrativas ficcionais seriadas estabelecem modos coletivos de compreensão crítica e produção criativa do programa que está no ar.
Estudos de caso
O ambiente de convergência alterou de forma decisiva os modos de pensar, produzir, distribuir e consumir televisão, é a partir deste contexto que a social TV se configura. Ao estabelecer uma relação simbiótica entre a televisão e o ciberespaço, o fenômeno potencializa e reconfigura a conversação em torno do conteúdo televisivo e a experiência coletiva. Os estudos de caso apresentados abaixo abrangem produções nacionais e internacionais, refletindo sobre as novas formas de participação, interação e produção de conteúdo estabelecidas pela social TV.
SIGILIANO, D. Social TV: o laço social no backchannel de The X–Files. Mestrado em Comunicação, Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, 2017.
SIGILIANO, D. Social TV: o ciber-watercooler de Pretty Little Liars e The Voice. Especialização em Jornalismo Multiplataforma, Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, 2014.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. The expansion of the fictional universe of The X-Files on social TV. Dígitos – Revista de Comunicación Digital, v. 4, p. 151-164, 2018.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. The X-Files: uma análise das estratégias de social TV do perfil @thexfiles. Comunicacao, Midia e Consumo (Online), v. 14, p. 68-89, 2017.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. A Rede Globo no ecossistema da Social TV: uma análise sobre as postagens do perfil @redeglobo no Twitter. In Texto (UFRGS. Online), v. 36, p. 103-120, 2016.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. . O diálogo entre a complexidade narrativa e a social TV no projeto XFRewatch da série The X-Files. ANIMUS – Revista Interamericana de Comunicação Midiática, v. 15, p. 293-311, 2016.
BORGES, G.; SIGILIANO, D. Television dialogues in Brazilian fiction: Between production and consumption. Applied Technologies and Innovations, v. 12, p. 1-17, 2016.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. The Voice: novas formas de participação e interação na segunda tela. Rumores (USP), v. 9, p. 52-71, 2015.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. A expansão do universo ficcional de Homeland na segunda tela. Culturas Midiáticas, v. 8, p. 1-15, 2015.
BORGES, G.; SIGILIANO, D. Ciber-watercooler no Oscar: Discussões sobre a Social TV. Lumina (UFJF. Online), v. 7, p. 1-16, 2014.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. Social TV: a sinergia entre as hashtags e os índices de audiência. Revista Geminis, v. 1, p. 106-119, 2013.
BORGES, G. ; SIGILIANO, D.. Os Universos Ficcionais Transmídia e a Cultura Participativa: Análise da Complexidade Narrativa de O Rebu e sua Repercussão no Twitter. In: Gabriela Borges; Vicente Gosciola; Marcel Vieira. (Org.). Televisão: Formas Audiovisuais de Ficção e de Documentário. Volume IV. 1ed.São Paulo: CIAC / Socine, 2015, v. IV, p. 70-87.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. XFRewatch: as ressignificações do universo ficcional de The X- Files no Twitter. In: IX Simpósio Nacional ABCiber, 2017, São Paulo, 2017. p. 1-16.
SIGILIANO, D; CAVALCANTI, G.; BORGES, G. Feminismo e TV Social: A Repercussão dos Telespectadores Interagentes sobre o Empoderamento de Dana Scully em The X-Files. In: 40º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2017. p. 1-15.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. Transmedia Literacy: uma análise da repercussão das estratégias transmídia de The X-Files. In: I Congresso de TeleVisões, 2017, Niterói. Anais do I Congresso de TeleVisões. Niterói: UFF, 2017. p. 1-22.
SIGILIANO, D.; BORGES, G. O diálogo entre a complexidade narrativa e a social tv no projeto xfrewatch da série The X-Files. In: XXV Encontro Anual da Compós, 2016, Goiânia. , 2016.
Referências
PROULX, Mike; SHEPATIN Stacey. Social TV – How marketers can reach and engage audiences by connecting television to the web, social media, and mobile. New Jersey: John Wiley& Sons Inc, 2012.
SIGILIANO, Daiana.; BORGES, Gabriela. O diálogo entre a complexidade narrativa e a social TV no projeto XFRewatch da série The X-Files. XXV Encontro Anual da Compós, 2016. Goiânia. Anais… Universidade Federal de Goiás, p.1-16. Disponível em: <https://goo.gl/nzLq4D>. Acesso em: 20 jul. 2017.
WOLTON, Dominique. Elogio do grande público – Uma teoria crítica da televisão. São Paulo: Ed. Ática, 1996.
Boa noite, matéria muito boa, parabéns.