Apesar da sua popularidade no âmbito das narrativas ficcionais seriadas, foi durante as eleições presidenciais, de 2012, que os canais estadunidenses de notícias começaram adotar a segunda tela.
Lançado pelo canal NBC, o aplicativo NBC Politics foi um dos pioneiros a oferecer ao interagente conteúdo complementar. Ao contrário das plataformas CBS News, ABC e Fox News o app ia além das informações básicas sobre os candidatos a presidência. Desenvolvido especificamente para as eleições de 2012, o NBC Politics buscava suprir as necessidades dos interagentes casuais e ávidos. Através do aplicativo era possível acessar desde notícias, fotos e vídeos produzidos pelos jornalistas da emissora até artigos de opinião, análise das propostas dos candidatos e relatórios diários com a agenda de Barack Obama, do partido Democrata e Mitt Romney, do partido Republicano. No app também era possível acessar um mapa interativo que mostrava as pesquisas de intenção de voto. Os interagentes podiam compartilhar todo o conteúdo nas redes sociais, além de acessar o backchannel dos programas exibidos pela emissora.
O canal pago de notícias CNN também desenvolveu um aplicativo nas eleições estadunidenses de 2012. Disponível para os sistemas operacionais iOS e Android a plataforma era alimentada com conteúdo produzido para o site emissora. Através do aplicativo era possível acessar notícias, reportagens, biografia dos candidatos, calendários com os principais eventos, assistir ao vivo a programação da CNN e acompanhar o buzz das redes sociais (Facebook e Twitter).
A partir das eleições presidenciais de 2012, os canais de notícias concluíram que o interagente multitasking não iria mais se contentar com uma tela e que era preciso oferecer novas camadas imersivas. Os aplicativos que apenas espelhavam o que era produzido pelos canais precisariam, a partir dali, explorar distintas linguagens para conquistar a atenção do participante.
A primeira experiência de segunda tela no Brasil envolvendo conteúdo jornalístico aconteceu em março de 2013. Canais como SBT e Band já tinham realizado ações na segunda tela, porém envolviam programas de entretenimento. Desenvolvido pela TV Cultura, a plataforma tinha como objetivo oferecer ao interagente informações complementares as reportagens exibidas durante o Jornal da Cultura. No espaço, restrito ao navegador, também era possível interagir com a âncora, Maria Cristina Poli. O telejornal da TV Cultura foi o primeiro a oferecer conteúdo paralelo e em tempo real na segunda tela aos telespectadores interagentes. Inicialmente, a emissora tinha planos para transformar a plataforma em um aplicativo para dispositivos móveis, mas o projeto acabou sendo extinto.
Por Daiana Sigiliano
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