Observatório da Qualidade no Audiovisual

Programa do Aleixo

Por Júlia Garcia

O Programa do Aleixo é uma série de humor exibida originalmente pelo canal SIC Radical no segundo semestre de 2008. A produção apresenta um talk show fictício comandado por Bruno Aleixo e co-protagonizado por seu amigo Busto. Até o momento, a série conta com duas temporadas, sendo a primeira, de sete episódios, o objeto da presente análise. Os episódios são divididos, geralmente, em três partes, contendo de sete a nove minutos cada e formadas por diferentes quadros.

Bruno Aleixo foi criado por João Moreira, Pedro Santo e João Pombeiro, que, juntos, formam o grupo GANA: Guionistas e Argumentistas Não-Alinhados. Os parceiros ainda possuem um canal de vídeos oficial na plataforma SAPO Vídeos, onde comandam o CENA – Canal de Entretenimento Não-Alinhado, que abriga outras produções envolvendo o universo fictício de Aleixo. A figura animada surgiu na internet em 2008 com a série de vídeos Os Conselhos que vos Deixo e, mais tarde, ganhou espaço na programação do canal SIC Radical com o talk show Programa do Aleixo, com o qual estreou na TV.

No plano da expressão foram analisados os recursos técnico-expressivos da produção, dentre códigos visuais, sonoros, sintáticos e gráficos. Em relação aos códigos visuais, há destaque para a caracterização dos personagens. Todos os personagens, com exceção dos convidados no quadro Entrevista, são animados e movimentam, quase sempre, apenas olhos e boca. Aleixo é uma figura animalesca semelhante a um cão, enquanto Busto é um busto totalmente branco de Napoleão, que, quando fica emburrado, ganha braços cruzados em sinal de descontentamento. Os personagens secundários também seguem o mesmo estilo de animação, como o Homem do Bussaco, que ganhou vida através de um boneco de ação do Pé-Grande. Apesar de na maior parte do tempo a animação se concentrar apenas na face, o personagem Renato Alexandre, por gostar de dança, possui o corpo animado e articulado em suas apresentações coreográficas.

O figurino, por sua vez, é quase inexistente, devido à natureza peculiar dos personagens. Aleixo, que apresenta o programa sentado em uma cadeira acolchoada, usa apenas uma manta para cobrir a parte inferior do corpo. Quando realiza entrevistas, o apresentador veste uma camisa branca, mas, pelo enquadramento, não é possível enxergar abaixo de sua cintura. Busto possui um chapéu e uma vestimenta superior que são próprios de sua escultura e, portanto, não se cobre com nada além disso. A exceção é Dr. Ribeiro, que, por ser um médico invisível, sempre está vestido para que possam enxergá-lo. No sétimo e último episódio, contudo, todos os personagens, excluindo Busto e seu primo, que são esculturas, usam ternos. A mudança ocorre devido ao episódio ser um especial de ano-novo, no qual Bruno Aleixo dá uma festa.

O cenário se repete em todos os episódios, com raras mudanças de local em momentos pontuais. O talk show é apresentado no que parece ser um escritório, com uma grande estante de livros ao fundo. Enquanto Aleixo senta-se em uma requintada cadeira acolchoada, Busto se posiciona em uma mesa de canto ao lado do apresentador. O requinte do cenário, ao mesmo tempo em que se mostra condizente com a ideia de um talk show sério, se contrasta à casualidade da apresentação de Aleixo e de suas conversas com os demais personagens. Tal escolha reforça a paródia desse tipo de formato feita pela série e acresce ao humor. 

Pelo fato de os personagens não se deslocarem, já que geralmente apenas olhos e bocas são animados, a câmera é majoritariamente fixa, com predominância de planos médios e americanos. Já a iluminação é naturalista, à exceção de momentos pontuais, como no especial de ano-novo, em que Renato Alexandre dança. Nesse momento, a iluminação muda para assemelhar-se às luzes de boates. Da mesma forma, no quarto episódio, quando Aleixo entrevista Rui Pedro Tendinha, crítico de cinema, a fotografia apresenta, quase em sua totalidade, tons de preto e branco, remetendo à estética cinematográfica.

Com relação aos códigos sonoros, a trilha é constituída, principalmente, por sons diegéticos, e o enfoque é no diálogo. No entanto, a construção sonora é colocada em evidência ao final de cada episódio, nos quais Aleixo e Busto cantam e tocam piano, realizando a própria interpretação de canções famosas. Muitas vezes os personagens estão desafinados, fora de compasso e cantarolam a letra assincronamente, enfatizando a casualidade da interpretação e gerando situações risíveis. É possível encontrar trilha musical também nas vinhetas que apresentam os quadros do talk show.

Já a edição, parte dos códigos sintáticos, imita a estrutura formal de um talk show. O programa fictício apresentado por Aleixo é composto por quadros, assim como programas reais desse formato. Geralmente, o talk show é iniciado com o quadro Revista de Imprensa, no qual Aleixo e Busto comentam notícias lidas pelo apresentador no jornal impresso Gazeta de Coimbra. Não fica claro se as notícias são reais ou fictícias, mas percebe-se verossimilhança nas situações noticiadas. Os comentários de Aleixo, no entanto, ou se mostram irrelevantes à matéria ou acabam em anedotas sobre a própria vida do apresentador, o que condiz com a proposta humorística do programa. As anedotas são observadas também no quadro Entrevista, no qual Aleixo entrevista personalidades reais. O personagem faz perguntas inusitadas e fala constantemente de si mesmo, além de pedir favores absurdos aos entrevistados. Além desses, o talk show também possui os quadros Opinião Civil, em que um espectador fictício liga para o programa para opinar sobre o assunto do dia, Jogo de Casa, no qual também há ligações de espectadores fictícios para participação em um jogo com prêmios, Animatógrapho, em que Aleixo e Busto assistem ao trailer de um filme real, dentre outros. Os quadros são os mesmos em todos os episódios, o que dá consistência à ideia do talk show e reforça a paródia. Além disso, a edição insere, por vezes, a vinheta do quadro antes de Aleixo terminar de anunciá-lo, o que imita situações ocorridas em talk shows apresentados ao vivo, incrementando, mais uma vez, a parodiação proposta.

Por fim, como pontuado, no contexto dos códigos gráficos, há diversas vinhetas ao longo do programa. A vinheta inicial é composta por imagens de locais reais de Portugal ao som de música clássica instrumental. Já ao final de cada episódios, os créditos são inseridos sobre a imagem de uma lareira, localizada no cenário onde Aleixo e Busto apresentam o talk show. Há, ainda, a inserção de GCs com o nome dos entrevistados e apresentadores. Enquanto as vinhetas de abertura e encerramento se assemelham ao formato de programas reais, as vinhetas que introduzem os quadros se aproximam mais do humor e da paródia ao apresentar animações exageradas ou absurdas. Por exemplo, na vinheta do quadro Jogo de Casa, pessoas que inicialmente brincavam com uma bola são esmagadas por um telefone gigante que cai sobre elas. Já no quadro O Busto Apresenta um Mito Urbano-Rural (e eu logo digo se é verdade ou não), uma nave espacial abduz um dinossauro de um lago ao som de uma música instrumental macabra. Assim como observado em outros contextos, a mistura de elementos verossímeis em relação ao formato talk show a elementos inusitados, casuais ou absurdos reforça a paródia do programa ao aproximá-lo do formato em questão e contrapor tais semelhanças a momentos incoerentes e contraditórios. 

Já em relação aos indicadores do plano do conteúdo, percebeu-se grande presença de intertextualidade. São feitas inúmeras referências à cultura pop e também a elementos da realidade, o que, além de gerar identificação, ajuda a inserir o espectador no universo ficcional e torna tal universo verossimilhante. Como exemplo, tem-se os trailers cinematográficos assistidos no quadro Animatógrapho, os quais são trailers reais, que apresentam, principalmente, filmes americanos antigos, como a primeira versão de The Lone Ranger. Outro exemplo pode ser encontrado no segundo episódio, onde Busto e Aleixo jogam o famoso jogo de combate Street Fighter. Além disso, inúmeras outras referências e alusões podem ser identificadas ao longo dos diálogos e quadros do talk show. Há, inclusive, menção ao problema legal enfrentado pelos criadores do personagem com a Lucasfilm, devido à enorme semelhança de Aleixo com Ewoks, seres da franquia Star Wars. Ao ingressar na TV com a produção do Programa do Aleixo, a aparência do protagonista precisou passar por mudanças, o que levou Busto a questionar a diferença no look do personagem logo no início do primeiro episódio. Aleixo alega que passou por problemas com americanos. Além de fazer piada com a mudança enfrentada, a referência à situação traz um momento de fusão entre ficção e realidade, o que, de certa forma, pode contribuir para a imersão do espectador. É interessante pontuar, ainda, que algumas referências são a produções brasileiras, como à música Pense em Mim, da dupla Leandro e Leonardo, ou à novela da Globo Barriga de Aluguel

Pôde-se observar, ainda, a presença de efeitos especiais narrativos em alguns episódios do Programa do Aleixo. Contrariando a estrutura casual de apresentação do talk show, há o especial de ano-novo, no qual Aleixo apresenta o programa durante uma festa em sua casa, contando em seus quadros com a participação de seus convidados ao invés de telespectadores. Os quadros também são adaptados à situação, sendo que, na Opinião Civil, por exemplo, o apresentador pergunta aos convidados presentes qual será o acontecimento mais marcante do próximo ano, em vez de pedi-los para discorrer sobre o tema da semana. Além disso, há episódios em que Busto lidera o programa, já que havia vencido uma aposta feita com Aleixo, e em que o primo de Busto co-apresenta o talk show, devido a uma consulta médica do parente. 

Em relação à oportunidade, a produção constrói o humor a partir de pautas cotidianas, passíveis de presença no dia-a-dia de grande parte dos espectadores. Pode-se citar como exemplo a luta entre Aleixo e Busto no jogo Street Fighter. Enquanto Aleixo utiliza apenas ataques à distância ininterruptos, Busto segue pulando também ininterruptamente, o que leva ambos a acusarem um ao outro de não saber jogar. Esse tipo de tática em jogos de combate multiplayer é frequentemente alvo, na realidade, de confusão entre jogadores. Outro momento que pode ser citado é quando Aleixo, ao cantar com Busto a música I’m Scatman, enrola a língua e apenas cantarola a letra por não a saber corretamente. Da mesma forma, devido à letra conter, em grande parte, apenas sílabas cantadas, Aleixo e Busto não conseguem cantá-las de modo correto e síncrono. Muitas pessoas, principalmente quando estão cantando em uma língua estrangeira, fazem o mesmo. Dessa forma, parte do humor advém da identificação do público com as situações apresentadas. Além disso, a criação do especial de ano-novo aproveita-se de um evento global em pauta naquele momento, o que gera, mais uma vez, identificação por parte do público. 

Já quanto à ampliação do horizonte do público, foram observados diálogos e contextos que, embora não fossem o tópico central do programa, levantaram pautas férteis, capazes de contribuir para o debate de ideias. No quadro Opinião Civil, os temas propostos para os espectadores opinarem eram sempre de relevância social, como transporte público, clonagem humana ou utilização de combustíveis. Em grande parte das vezes, os espectadores fictícios que ligavam para o talk show apresentavam opiniões coerentes e argumentos válidos, capazes de levantar discussões relevantes. No caso dos combustíveis, foi sugerido ao espectador que opinasse sobre qual seria melhor: álcool ou gasolina. O espectador participante diz ser a favor de energias alternativas e maior utilização de bicicletas, principalmente em centros históricos. Busto concordou com as pontuações, enquanto Aleixo se mostrou avesso às opiniões de todos os espectadores, ironizando, por exemplo, quando um participante disse que acreditava ser o transporte público a solução para grandes cidades. Em outro momento, durante um diálogo, Aleixo conta a Busto que um amigo foi preso por importunação sexual, mas alegou que não havia nada de sexual, já que ele havia “apenas” colocado a mão nas pernas de uma mulher. Busto disse ser a prisão justa, pois não era correto apalpar meninas. Aleixo logo refuta dizendo que a mulher não era mais menina, já tinha 19 anos e andava “ressabiada”. Enquanto Aleixo mostra opiniões extremas e questionáveis – opiniões essas compartilhadas, muitas vezes, por uma parcela da população – Busto se apresenta como um personagem mais sensato e moderado, que contrapõe o extremismo de Aleixo. Como exemplo tem-se a discussão sobre clonagem humana. Busto afirma que o tema levanta uma série de questões morais, ao passo que Aleixo dispara: “Qual é o mal? Não existem gêmeos?”. A representação absurda e caricatural de Aleixo, que se apresenta como uma figura extrema e não-convencional, somada à contraposição das opiniões do apresentador por parte de Busto, sugere uma ironização de tais extremismos e posicionamentos.

Contudo, o questionamento e a crítica ao comportamento de Aleixo dependem de como a recepção da mensagem ocorre. É necessário que o público saiba interpretar e avaliar mensagens em diferentes formatos e contextos, para que considere o conteúdo que consome e compreenda seus significados intrínsecos, o que se relaciona estreitamente à competência midiática. As opiniões extremas podem, por parte do público, serem interpretadas literalmente, como pontuações coerentes, e não como uma ironia, crítica ou questionamento a tais pensamentos. Por isso, é importante que o público seja capaz de avaliar diferentes mensagens, veiculadas em diversos formatos e plataformas, de modo a realizar uma interpretação coesa e coerente dos conteúdos consumidos, levando-se em consideração as inúmeras dimensões da competência midiática.

Com relação à diversidade, o Programa do Aleixo não apresentou grande variedade de representações de gênero, geográficas, socioeconômicas, religiosas ou étnicas. A maioria dos personagens eram representados como homens portugueses adultos, com aparente condição financeira. Entretanto, ainda que sutil, a desconstrução de estereótipos se mostrou presente no questionamento, a partir do exagero e do absurdo na construção da personalidade de Aleixo, de opiniões comumente presentes no repertório do público, principalmente quando se trata de homens adultos, como é o caso do personagem, que, por vezes, profere falas potencialmente machistas e homofóbicas.

No âmbito da mensagem audiovisual, o indicador originalidade/criatividade foi observado à medida que o programa inova ao escolher parodiar o formato talk show, além de utilizar técnicas de animação inusuais – como o movimento apenas de olhos e boca e a mistura de elementos animados e reais – que reforçam a estranheza dos personagens e acrescem ao humor da série. 

O diálogo com/entre plataformas foi um indicador de destaque, uma vez que, além de possuir um universo grande, com diversas outras produções, o personagem se mostrou facilmente adaptável à televisão, mesmo tendo surgido originalmente na internet. Nesse contexto, tem-se como exemplo o caso Mister Cimba. Mister Cimba aparece no Programa do Aleixo como uma empresa fictícia que patrocina o talk show, sendo seus produtos divulgados por Aleixo e Busto. Essa pequena amostra do programa deu origem a uma série de vídeos avulsos com propagandas estendidas Mister Cimba, as quais não foram totalmente exibidas no Programa do Aleixo.

Os vídeos da empresa fictícia estão disponíveis na plataforma SAPO. Há sete vídeos, com cerca de três minutos e meio, que apresentam produtos diversos oferecidos pela Mister Cimba. Um vídeo extra faz propaganda do DVD do Programa do Aleixo, com depoimento do próprio Bruno Aleixo, disfarçado de consumidor, recomendando a compra. Os vídeos são sempre feitos sobre um fundo vermelho escuro, com uma música instrumental baixa ao fundo e um narrador apresentando os produtos. Enquanto isso, grafismos e imagens são inseridos, simulando a estrutura e a edição de propagandas de empresas como a Polishop. Assim como o Programa do Aleixo replica a estrutura de talk shows, os vídeos Mister Cimba propõem uma paródia das peças publicitárias, ironizando-as através do humor.

A paródia e a ironia são reforçadas pela apresentação de produtos absurdos, como o Toothbrush Tester, um spray voltado a pais desconfiados de que seus filhos estejam fumando. Enfatizando que “muitos jovens fumam sem os pais saberem”, a empresa sugere que o spray seja utilizado nas escovas de dente, funcionando, de acordo com a própria propaganda, de forma semelhante a um teste de gravidez. Mesmo quando são anunciados produtos comuns, como viagens ou hotéis para cães, a apresentação é feita de forma inusual e cômica, trazendo, mais uma vez, elementos absurdos. Ao mesmo tempo em que é utilizada para gerar humor, a paródia pode suscitar questionamentos a respeito dos modos de construção, abordagens e conteúdos daquilo que se parodia. 

É válido pontuar que, além de dialogar diretamente com o Programa do Aleixo ao ter seus produtos anunciados no talk show, Mister Cimba ainda traz personagens do universo fictício nas propagandas. Nelson e o Homem do Bussaco aparecem, por exemplo, para dar depoimentos como consumidores satisfeitos com os produtos da empresa, o que estreita ainda mais as relações entre as diversas produções do universo de Aleixo.

Além desses vídeos, outras produções expandem o universo ficcional, apresentando outros formatos e possibilidades, como Aleixo no Brasil, Busto no Emprego e Plágio Uruguaio. A imersão do espectador nesse universo é complementada pelas redes sociais de Aleixo, cuja presença é verificada no Facebook, Twitter e Instagram, por exemplo. Nessas mídias, Aleixo se comporta como uma pessoa real, realizando postagens que não se limitam a referências aos seus programas. A empresa Mister Cimba também possui contas no Twitter e Facebook, além de site próprio. No entanto, os perfis da companhia fictícia nas redes sociais não são muito ativos. 

Nesse contexto, a diluição das fronteiras entre o extenso universo ficcional e a realidade é frequentemente observada quando se analisa as produções de Aleixo. Muitas pessoas acreditaram que realmente havia um programa uruguaio plagiando o talk show de Aleixo, quando, na verdade, se tratava apenas de mais uma produção do grupo GANA – o Plágio Uruguaio

A extensão desse universo ficcional também sugere uma solicitação da participação ativa do público, o qual é compelido não somente a buscar outras produções envolvendo Aleixo, mas também a acompanhar suas redes sociais e a interagir com o personagem. Nesse contexto, ao final do Programa do Aleixo, são apresentados links para o direcionamento ao site oficial da emissora SIC Radical e ao site oficial do grupo GANA, nos quais o espectador pode se aprofundar no universo e conhecer as demais produções. Há, ainda, momentos em que Aleixo se dirige diretamente ao público durante o programa, o que, além de condizer com o formato talk show, contribui, de certa forma, para prender a atenção do espectador e estimular o engajamento. 

Por fim, com relação à clareza da proposta, o Programa do Aleixo se mostrou claro e coerente em relação ao formato escolhido e aos objetivos pretendidos. A estrutura da narrativa, baseada em quadros bem-formulados e apresentados consistentemente em todos os episódios, se mostrou totalmente condizente com a ideia de parodiar um talk show. Da mesma forma, o absurdo das situações, exacerbadas pela figura extrema e peculiar de Aleixo, bem como a utilização de pautas cotidianas sobre as quais se construía o humor, também se mostraram adequadas à proposta de uma série de comédia.

Desse modo, pôde-se observar a utilização oportuna dos recursos técnico-expressivos, referentes ao plano da expressão, para a construção da narrativa e dos personagens. A natureza incomum dos personagens, baseados em figuras não-humanas, aliada à animação peculiar, se contrasta à realidade dos cenários e à cotidianidade das situações, com as quais o público pode facilmente se identificar. O humor é construído tanto a partir das situações inusitadas, quanto a partir do exagero da personalidade de Aleixo.

A representação exagerada do personagem pode ser entendida também como uma ferramenta para o questionamento de opiniões e atitudes, contribuindo para a ampliação do horizonte do público no âmbito do plano do conteúdo. Nesse contexto, também se destacou a intertextualidade, que permite, juntamente com a oportunidade, a identificação do público com as situações apresentadas e, consequentemente, maior imersão no universo ficcional.

A grande extensão do universo ficcional é um dos pontos de maior relevância na mensagem audiovisual, com produções em inúmeros formatos e contextos, além de perfis em redes sociais. Dessa forma, mostraram-se também expressivos o diálogo com/entre plataformas e a solicitação da participação ativa do público.

*Todas as imagens são capturas de tela.

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