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Wonderwall

Por Daiana Sigiliano  

Publicada no site Spirit, a fanfic Wonderwall é composta por 30 capítulos de em média 3 mil palavras. A trama, criada pela user clexastrash começou a ser publicada no dia 28 de dezembro de 2017, quando a telenovela Malhação – Viva a Diferença (2017-2018, Rede Globo) ainda estava no ar. Como iremos detalhar mais adiante, a história apresenta novas perspectivas e distintas temporalidades do arco narrativo do casal Limantha. Apesar de manter várias informações e características do cânone, a fã amplia e a aprofunda trama de Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio).

Na página principal de Wonderwall encontramos as informações gerais (data de criação e atualização, métricas, gêneros, personagens, classificação etária, etc.) e os capítulos da fanfic. Segundo as informações disponibilizadas pela fã, a história aborda os seguintes gêneros: família, LGBT, literatura feminina, romance e novela, yuri (lésbica) e não é recomendada para menores de 18 anos por tratar de questões como o álcool, a bissexualidade, as drogas, a homossexualidade, a insinuação de sexo, a nudez e o sexo. A partir das informações fornecidas pela user clexastrash o leitor pode conhecer as linhas gerais da trama sem ter que acessar os capítulos. Nesse sentido, a categorização da autora interfere diretamente nos motores de busca do Spirit e nas métricas de acesso da história.

Em uma breve busca no site é possível observar que o título Wonderwall é recorrente no âmbito das fanfics. No Spirit foram postadas 91 histórias com o título, abrangendo distintos cânones como, por exemplo, as séries estadunidenses Once Upon a Time (2011-2018, ABC) e Stranger Things (2016- atual, Netflix) e também a Real  Pearson Fiction (RPF) – uma subcultura da fanfiction foca em pessoas reais – de bandas de K-Pop. A história de clexastrash é composta por uma capa, a imagem que ilustra a página principal reúne informações sobre a fanfic e ilustrações que fazem referência ao arco narrativo central da trama. Segundo a seção FAQ do Spirit as capas das tramas podem ser criadas pelo próprio autor ou com a ajuda de um capista, um usuário que tem a função específica de editar as imagens.

Capa da fanfic Wonderwall

Do lado esquerdo da capa a fã destaca quatro imagens das personagens, as fotos são de capturas de tela de cenas de Malhação – Viva a Diferença e apresentam uma correlação. Na primeira foto vemos Samantha (Giovanna Grigio) com uma câmera nas mãos, já na última imagem é Lica (Manoela Aliberti) que está fotografando. Apesar de não fazer uma alusão explícita aos arcos narrativos de Wonderwall, as imagens escolhidas por clexastrash ressaltam a importância da arte no universo ficcional criado pela fã. Como iremos analisar mais adiante, os capítulos da fanfic são compostos por vários elementos intertextuais como, por exemplo, exposições, obras, pintores, músicas, movimentos artísticos nacionais e internacionais, entre outros. Nesse sentido, a escolha das imagens das personagens reforça, mesmo que indiretamente, a importância destas referências externas à trama.

No centro da capa, clexastrash destaca o slogan da fanfic, que está correlacionado não só com a sinopse disponível na página principal, mas com o principal arco narrativo da história. Entre os temas abordados em Wonderwall, a fã explora o medo de Lica (Manoela Aliberti) e Samantha (Giovanna Grigio) de terem um relacionamento sério e de se apaixonarem. Logo nos primeiros capítulos, clexastrash faz uma metáfora entre pular de um penhasco e se entregar a paixão. No final da fanfic a autora retoma a figura de linguagem para solucionar o conflito entre as protagonistas. A imagem central da capa também destaca o título da trama e o user da fã.

Por fim, as imagens do lado esquerdo da capa de Wonderwall são ilustrações genéricas, provavelmente retiradas de bancos de dados. As fotos mostram uma cidade vista do alto – fazendo alusão ao Terraço Itália que é explorado na história diversas vezes -, uma mesa com jornais e uma xícara de cappuccino, e museus – estabelecendo uma correlação não só com o âmbito artístico, mas com trechos dos capítulos finais. Como, por exemplo, quando as personagens visitam museus e ao plot em que Lica (Manoela Aliperti) recebe uma proposta de trabalho no Van Gogh Museum. A personagem também tem uma ligação muito pessoal com a pintura, apesar de integrar o cânone, na fanfic essa questão é ampliada. Em diversos capítulos Lica (Manoela Aliperti) explica como a arte tem um papel fundamental na sua compreensão do mundo. Dessa forma, a capa de Wonderwall mostra a capacidade da fã de sintetizar os pontos centrais da fanfic. Além da edição, já que a imagem é uma montagem e apresenta elementos gráficos, a autora conseguiu representar imageticamente a proposta da história.

Segundo Recuero (2009), assim como acontece na comunicação face a face, no ecossistema de conectividade os sujeitos midiáticos também buscam recursos de individualização. A autora afirma que nas plataformas digitais e redes sociais a escolha do avatar, a descrição do perfil, as temáticas abordadas nas publicações e a criação do username são as principais maneiras de representação dos interagentes.

Capa da user clexastrash

Além das informações gerais (seguidores, favoritos, lista de leitura, etc.), o perfil de clexastrash no Spirit é composto por uma capa e um avatar. O avatar faz referência uma personagem da ficção e a capa apresenta vários elementos que integram as fanfics criadas pela fã. Na montagem podemos observar fotos do ship Limantha, frases ligadas à comunidade LGBT e ao feminismo, além da bandeira e das cores do movimento LGBT. As abas Seguidores, Seguindo e Favoritos, ressaltam a atividade da user na plataforma. Segundo Jamison (2017) a fanfic materializa o senso de coletividade do fandom através da troca que se estabelece entre os autores e os leitores. Esse diálogo é baseado “[…] quase que inteiramente na troca, no elogio, no respeito mútuo e na crítica” (JAMISON, 2017, p. 258). Nesse sentido, podemos afirmar que clexastrash estabelece uma relação de troca na plataforma, não só através dos comentários – que serão analisados mais adiante -, mas no consumo de outras fanfics disponíveis no Spirit.

Além de Wonderwall, clexastrash também é autora de Prisão Vermelha. A trama foi postada em 16 de fevereiro de 2018 e explora um universo alternativo [1] (AU/UA) de MallhaçãoViva a Diferença. Ambientada na Guerra Fria, a fanfic retrata o amor proibido entre Lica (Manoela Aliperti), uma diplomata soviética, e Samantha Baines (Giovanna Grigio), uma diplomata estadunidense.

Capa da fanfic Prisão Vermelha, de clexastrash.

Segundo as métricas do Spitit, Wonderwall gerou 189 mil acessos, foi favoritada por 1.866 usuários e integrou 1.295 listas de leitura. A fanfic parte da seguinte sinopse: Wonderwall (adj). “Wonderwall”, dentre tantas coisas, pode ser definido como aquela pessoa a qual você fica pensando o tempo inteiro, alguém que você não consegue se desvencilhar. Apesar de não ressaltar os arcos narrativos centrais da história, a descrição de clexastrash reforça a proposta/identidade da trama. Todos os capítulos publicados pela fã seguem um padrão, e começam com uma palavra, que também é o título do capítulo, e o seu significado. Como iremos analisar na dimensão da estética, estes padrões estabelecidos pela autora indicam a sua capacidade e compreensão da estrutura narrativa e da importância de manter a coerência ao longo da trama.

De acordo com Jenkins (2012) ao desenvolverem uma fanfic os fãs realizam dois tipos de leitura, a crítica e a criativa. O autor pontua que em um primeiro momento o fã avalia a obra como um produto estético, analisando sistematicamente cada elemento. É a partir desta compreensão crítica que ele irá se apoiar para desenvolver dos arcos narrativos de sua história.

Uma boa história de fã referencia eventos-chave ou pedaços de diálogo como evidência para suportar sua interpretação particular dos motivos e ações dos personagens. Detalhes secundários são usados para sugerir que a história poderia ter ocorrido de forma plausível no mundo fictício mostrado no original. É certo que existem histórias ruins que não se aprofundam nos personagens ou caem em interpretações banais, mas a boa fan fiction mostra um profundo respeito pelo que gerou a fagulha na imaginação ou curiosidade do escritor-fã (JENKINS, 2012, p. 20)

Este aspecto pode ser observado em diversos momentos de Wonderwall, além de manter a ordem cronológica de alguns eventos do cânone como, por exemplo, no capítulo dois, intitulado Basorexia, em que as personagens citam que foram à sorveteria, também são pontuados os relacionamentos de Lica (Manoela Aliperti), sua viagem a Europa, entre outros. Isto é, os fatos da telenovela usados pela autora não só reforçam a correlação entre o cânone e a fanfic, mas ajudam os leitores a se localizarem cronologicamente na trama.

A leitura reforça uma cena do cânone no segundo capítulo de Wonderwall

A leitura crítica de clexastrash também pode ser observada na forma como a fã explora as características e a personalidade das adolescentes. Essa verossimilhança presente na fanfic foi destacada pelos leitores, o público elogiou a coerência nos desdobramentos narrativos envolvendo Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio).

Leitores de Wonderwall destacam a correlação entre o cânone a fanfic.

De acordo com Jenkins (2012), a leitura criativa está relacionada com as ressignificações presentes nas fanfics. Em outras palavras, o fã elabora novas concepções do universo ficcional, ampliando a narrativa em direções que não estão presentes no cânone, explorando habilidades literárias, lúdicas, linguísticas e multimodais. Wonderwall aprofunda temas que foram tratados rapidamente na telenovela tais como a homofobia e a bissexualidade, a ampliação dos arcos narrativos também pode ser observada no eu lírico e na temporalidade da fanfic. Os capítulos da trama exploram tanto a primeira pessoa quanto a terceira pessoa, dessa forma acompanhamos os fatos a partir do ponto das personagens. O recurso não só aprofunda os arcos narrativos, já que na telenovela não acompanhamos a perspectiva das adolescentes, mas estabelece, mesmo que indiretamente, uma proximidade com os leitores. Como, por exemplo, quando Lica (Manoela Aliperti) fala como a sua viagem a Europa foi importante para o seu autoconhecimento, ao contrário do cânone o leitor conhece os medos e inseguranças mais íntimos da personagem, sua visão pessoal sobre o arco narrativo. A partir do capítulo 27, intitulado Hic Et Nunc, a fã introduz uma nova linha temporal na fanfic, explorando o futuro das personagens. Nesse contexto, o leitor é apresentado a desdobramentos que vão além da cronologia do cânone. A projeção que a fã faz da vida adulta de Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) tem diálogo com a telenovela, mas explora os caminhos profissionais e o amadurecimento das personagens, extrapolando os arcos narrativos do último capítulo do programa. Dessa forma, clexastrash realiza tanto a leitura crítica – ao reconhecer e reproduzir os padrões e características do universo ficcional, e identificar as possíveis ampliações e ressignificações do cânone – quando a leitura criativa – ao explorar distintas temporalidades, eu líricos e novos arcos narrativos.

Segundo Jenkins (2012) é possível identificar pelo menos cinco elementos básicos que motivam a criação de uma fanfic. Neste estudo de caso podemos ressaltar três pontos definidos pelo autor: as sementes, os silêncios e os potenciais. No elemento categorizado como semente, Jenkins (2012) destaca as informações que são introduzidas na história, mas não são desenvolvidas em sua totalidade. Assim como na fanfic Oitavo B, o arco narrativo envolvendo os pais e a casa de Samantha (Giovanna Grigio) é consideravelmente ampliado. No cânone o plot é raramente citado, alguns fãs até questionavam os roteiristas, através do Twitter, se a personagem tinha uma casa, como era a sua família, etc. Na última semana de exibição de Malhação – Viva a Diferença, em uma das sequências envolvendo o arco narrativo das fake news sobre a Escola Cora Coralina vemos o quarto de Samantha (Giovanna Grigio). A cena repercutiu não só entre os telespectadores, mas no elenco da trama. Após a exibição do capítulo, Giovanna Grigio postou em seu perfil pessoal no Instagram os bastidores das gravações da sequência, nos Stories a atriz brincava com o fato de finalmente estar no quarto da personagem.

A atriz Giovanna Grigio mostra os detalhes do quarto de Samantha em seu perfil no Instragram.

Em Wonderwall o núcleo familiar e a casa de Samantha (Giovanna Grigio) integram diretamente os desdobramentos narrativos criados pela fã. Além de vários plots importantes se passarem na casa da adolescente tais como a festa em a personagem fica com Lica (Manoela Aliperti), o jantar em que ela apresenta Lica (Manoela Aliperti) como sua namorada e a crise de ansiedade, os detalhes sobre a família de Samantha (Giovanna Grigio) são aprofundados e desencadeiam vários conflitos na trama. Ao longo dos 30 capítulos clexastrash amplia o cânone criando o perfil do pai e da mãe da personagem. O pai se chama Paulo Lambertini, é um renomado arquiteto, dono de muitas empresas e aceita o namoro da filha com Lica (Manoela Aliperti). Já a mãe, Luísa Lambertini é preconceituosa e quase não conversa com Samantha (Giovanna Grigio), tomando sempre medidas extremas para separá-la da namorada. A fanfic também apresenta Chica, uma funcionária que trabalha na casa da família e é praticamente uma segunda mãe de Samantha (Giovanna Grigio). Nesse contexto, a semente do cânone foi aprofundada por clexastrash e teve um papel fundamental nos desdobramentos dos arcos narrativos e na construção de Wonderwall.

Outro ponto ampliado pela fã são os plots envolvendo o casal Limantha. Isto é, apesar de ressignificar o cânone de diversas formas, a autora mantém alguns eventos narrativos. Dessa forma, o leitor reconhece o contexto da sequência – que foi ao ar na telenovela – mas tem acesso há novas perspectivas e desdobramentos. Como, por exemplo, na festa de Tonico, filho de Keyla (Gabriela Medvedovski). No cânone Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) passam a noite conversando até serem interrompidas por Tato (Matheus Abreu). Já em Wonderwall Samantha (Giovanna Grigio) aproveita a festa de Tonico para fazer uma surpresa para a namorada. O envolvimento de Lica (Manoela Aliperti) também é aprofundado pela fã, durante o capítulo da fanfic, a personagem relata em primeira pessoa o porquê do seu envolvimento com as drogas. Nesse sentido, o que ficou subentendido na telenovela é desdobrado por clexastrash.

Apesar de não integrar o cânone o romance entre Samantha (Giovanna Grigio) e Clara (Isabella Scherer) sempre foi repercutido pelo fandom. No arco narrativo de Limantha, principalmente quantos os fãs não aprovavam as atitudes de Lica (Manoela Aliperti), o público shipava as personagens adotando o ship Clamantha. Em Wonderwall o romance se concretiza, após se separar de Lica (Manoela Aliperti), Samantha (Giovanna Grigio) se casa com Clara (Isabella Scherer). O relacionamento das adolescentes é abordado pela fã nos capítulos finais da fanfic. Quando, no flashforward, Samantha (Giovanna Grigio) diz a sua terapeuta que foi casada por seis anos com Clara (Isabella Scherer).

Fãs shipam Samantha (Giovanna Grigio) e (Isabella Scherer)

De acordo com Jenkins (2012) os silêncios são elementos que foram sistematicamente excluídos da história por questões ideológicas. As questões envolvendo a comunidade LGBT no Brasil ainda são tratadas como tabu, no âmbito das telenovelas são raros os casais homossexuais e bissexuais. No caso de Malhação – Viva a Diferença a trama vai ao ar às 17h50, o horário do programa na grade da Rede Globo limita ainda mais a abordagem de certos temas e a exibição de sequências com conotação sexual. Nesse sentido, os conteúdos produzidos pelos fãs se tornam uma forma de resistência e ativismo. Como pontua Nadkarni (2017, p.337), “Mudança de gênero, de raça, de idade, universos alternativos – tudo isso oferece uma oportunidade de para se engajar, desafiar, reposicionar ou remover estas ideologias que foram mostradas na mídia original”.

Como será detalhado na análise da dimensão da ideologia e valores, proposta do por Ferrés e Piscitelli (2015), em Wonderwall a autora não só reforça o envolvimento amoroso de Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio), isto é, descrevendo as carícias e envolvimento sexual das personagens, mas aprofunda algumas causas da comunidade LGBT. Como, por exemplo, no capítulo 17, intitulado Sonder, em que as adolescentes apresentam dados sobre a homofobia no Brasil e discutem como a bissexualidade é estigmatizada pela sociedade. Dessa forma, a fanfic vai além do femslash e aprofunda assuntos como o preconceito, a igualdade de gênero, o machismo, a homofobia, entre outros.

Os elementos potenciais são descritos por Jenkins (2012) como projeções sobre o que poderia ter acontecido além do cânone. Como discutimos anteriormente, no capítulo 27, clexastrash explora o futuro das personagens. A projeção feita pela fã ressignifica a trama de várias maneiras. No flashforward Lica (Manoela Aliperti) mora em Londres, onde dá aulas na University of London e faz doutorado. Já Samantha (Giovanna Grigio) é arquiteta, assim como o pai, e cuida das empresas da família. A personagem também foi casada com Clara (Isabella Scherer) por seis anos. Nesse contexto, ao longo dos capítulos finais de Wonderwall acompanhamos o que aconteceu além da linha temporal da telenovela e as consequências do fim do relacionamento de Limantha.

Dimensões da Competência Midiática

  • Linguagem

De modo geral a criação de uma fanfic já parte da ressignificação de um conteúdo midiático. Como explica Grossman (2017, p. 13)

Escrever e ler fanfiction não é apenas algo que você faz; é uma forma de pensar criticamente sobre a mídia que você consome, de estar consciente de todas as suposições implícitas que um trabalho canônico carrega, e de considerar a possibilidade de que aquelas suposições poderia não ser as únicas possíveis.

Entretanto, em Wonderwall a dimensão da linguagem proposta por Ferrés e Piscitelli (2015) também pode ser observada em outros pontos da trama. Como, por exemplo, a forma como o cânone integra os capítulos. A trama criada por clexastrash está inserida na mesma linha temporal da telenovela, nos capítulos iniciais a autora informa aos leitores que o arco narrativo se passa depois que Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) vão à sorveteria. As personagens também fazem referências diretas à cena.


Trechos dos capítulos 1 e 5, respectivamente, em que a fã cita eventos dos cânone.

A autora cita literalmente algumas falas das personagens, tais como “Eu acabei de descobrir que sou mais corajosa do que pensava” e “Não sei onde isso vai dar, mas tô nem aí”. Os recursos usados pela fã só trazem verossimilhança para a fanfic, mas ajudam na imersão do leitor.

Além de manter a cronologia dos eventos narrativos e citar alguns diálogos do casal Limantha, clexastrash amplia e aprofunda o cânone. Como ressaltamos anteriormente, vários conflitos da história são desencadeados pela família de Samantha (Giovanna Grigio), os elementos – perfil dos personagens, ambientação, background, etc. – praticamente insistentes na telenovela, foram todos criados pela fã. Dessa forma, a fã imbrica trechos do cânone com novos arcos narrativos.

De acordo com Jenkins (2008, p. 340), as práticas da cultura de fãs surgem “[…] do equilíbrio entre o fascínio e a frustração: se a mídia não nos fascinasse, não haveria o desejo de envolvimento com ela; mas se ela não nos frustrasse de alguma forma, não haveria o impulso de reescrevê-la e recriá-la”. Essa questão se materializa de forma nítida em dois pontos de Wonderwall: no complemento e na ampliação das cenas do cânone. Algumas sequências de Limantha em Malhação – Viva da Diferença ficaram em aberto, entretanto na fanfic de clexastrash estas lacunas narrativas são preenchidas. Na cena exibida pela Rede Globo em 1 de janeiro de 2018, Samantha (Giovanna Grigio) insinua que se relacionou com Felipe (Gabriel Calamali). Na trama os personagens deixam a questão em aberto para provocar Lica (Manoela Aliperti) e MB (Vinicius Wester). Porém, no capítulo 6, intitulado Opia, a autora retoma a sequência cronologicamente, situado o leitor “[…] já havíamos tido essa conversa na escola mais cedo, no entanto eu não havia afirmado e muito menos negado nada […]”, e, posteriormente, Felipe (Gabriel Calamali) afirma ele e Samantha (Giovanna Grigio) ficaram, completando a cena do cânone.

Na primeira imagem vemos a sequência exibida na telenovela, na segunda imagem a fã completa a cena em sua fanfic.

Algumas cenas da telenovela também são ampliadas na fanfic, a autora mantém o evento narrativo – seguindo a mesma ambientação, os personagens que compõem o arco, a cronologia, etc. – mas incorpora novos detalhes. Esse aspecto pode ser observado no capítulo 12, intitulado Aurora, quando a fã amplia o arco da festa do filho de Keyla (Gabriela Medvedovski), Tonico. No cânone Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) ficam até de madrugada conversando e escutando os vinis antigos de Roney (Lúcio Mauro Filho), entre elas o álbum dos Novos Baianos. Em Wonderwall a sequência apresenta diversas referências musicais, indo além das citadas no cânone. As adolescentes aprofundam as canções, detalhando o contexto de criação e o significado de alguns trechos. São citados artistas como Belchior, Elis Regina e Maria Bethânia. Enquanto escutam Carcará, por exemplo, Samantha (Giovanna Grigio) explica que a música foi composta durante a Ditadura Militar e que o ‘carcará’ representa o governo.

Como já ressaltamos anteriormente clexastrash explora de maneira coerente e verossímil o perfil das personagens. Entretanto, conforme pontuam Jenkins (2008) e Jamison (2017) a fanfic parte, muitas vezes, da necessidade do fã de corrigir certos aspectos do cânone. Durante a exibição do arco narrativo de Limantha, de dezembro de 2017 e março de 2018, uma das críticas do fandom era em relação à Lica (Manoela Aliperti), os telespectadores ávidos reclamavam da falta de iniciativa da personagem em relação à Samantha (Giovanna Grigio). Na história de Wonderwall esta característica da adolescente é ressignificada. Em diversos capítulos da trama a personagem toma iniciativa para conquistar e se envolver com a namorada. Dessa forma, a trama criada pela fã reforça um ponto no cânone que gerava insatisfação no fandom.

De acordo com Wershler (2017) as fanfics são compostas por várias intertextualidades. A partir do conceito de dupla codificação de Umberto Eco (2003), o autor afirma que as tramas se comunicam tanto com o público geral quanto com os leitores ávidos. Em outras palavras, os arcos narrativos apresentam camadas interpretativas que não são fundamentais para a compreensão das histórias, mas que são reconhecidas apenas pelos leitores ávidos. A discussão proposta por Wershler (2017) é um dos pontos centrais de Wonderwall, ao longo dos 30 capítulos clexastrash faz inúmeras referências externas ao universo ficcional. De modo geral, as intertextualidades presentes na fanfic apresentam três funções: a citação, a correlação e a contextualização. Na citação a referência é feita de maneira pontual como, por exemplo, nos capítulos 8 e 19, quando a fã sugere, na seção Notas do Autor, músicas para os leitores escutarem enquanto lêem a trama. O mesmo pode ser observado no capítulo 22, intitulado Socha, em que Lica (Manoela Aliperti) cita uma frase da série estadunidense How I Met Your Mother (2005-2015, CBS). Nesse contexto, o recurso amplia o sentido da fanfic, mas não é aprofundado pela fã.

A fã faz referências pontuais em Wonderwall

Na correlação a autora integra um elemento externo ao universo ficcional para reafirmar os desdobramentos dos arcos narrativos. Esse aspecto pode ser observado quando Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) vão à exposição Matriz do Tempo Real, no Museu de Arte Contemporânea em São Paulo. Durante a visita a exposição, que de fato integrou o calendário do MAC, as personagens correlacionam as obras dos artistas, que refletem sobre o tempo, com os medos e percalços de seu relacionamento. No capítulo 13, intitulado Anxietas, a intertextualidade também apresenta a mesma função na narrativa. Lica (Manoela Aliperti) explica as obras do pintor norueguês Edvard Munch para ajudar Samantha (Giovanna Grigio) a se acalmar durante uma crise de ansiedade. A personagem cita as obras O Grito (1893) e Ansiedade (1894) e comenta sobre as técnicas usadas em cada uma para distrair a namorada.

Na trama, Lica (Manoela Aliperti) correlaciona as obras Grito (1893) e Ansiedade (1894) de Edvard Munch com a crise de ansiedade de Samantha (Giovanna Grigio).

A contextualização pode ser observada principalmente a partir do capítulo 23, intitulado Wanderlust, quando as personagens fazem uma viagem para a Europa. Além de citarem os pontos turísticos de cidades como Praga, Paris e Berlim a fã explica detalhadamente os museus e as principais obras dos artistas expostos. Alguns capítulos como Kalokagathia (capítulo 20), Socha (capítulo 22) e Paris (capítulo 24) a fã também disserta sobre termos como, por exemplo, amor platônico, ego, superego ID e epistemologia. Os termos funcionam como uma espécie de introdução para o principal plot do capítulo. A autora expõe vários teóricos e filósofos na argumentação dos termos, trazendo um caráter informativo para a fanfic.

  • Ideologia e Valores

A vigésima quinta temporada de Malhação explorou temas até então inéditos no âmbito da telenovela infantojuvenil. Tais como a bissexualidade, a homofobia, o machismo, entre outros. Porém, questões relacionadas ao formato, ao horário de exibição e a amplitude de universo ficcional acabaram limitando a discussão dos assuntos. Como, por exemplo, a bissexualidade, que apesar integrar o arco narrativo de Limantha, não é diretamente abordada na trama. Em Wonderwall, a fã não só aprofunda estes tópicos que já integravam o cânone, mas traz novos temas como a ansiedade, a saúde mental e a síndrome do pânico.

Como iremos detalhar na dimensão da estética, a bissexualidade é enfaticamente abordada por clexastrash no capítulo 17, intitulado Sonder. Na fanfic, Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) apresentam um trabalho na disciplina de Bóris (Mouhamed Harfouch) sobre a comunidade LGBT e a homofobia. Assim como nos capítulos em que as personagens fazem um mochilão pela a Europa, o plot traz muitas informações. A autora cita que o Brasil é o país que mais mata LGBT no mundo, que há cada vinte cinco horas uma pessoa é assassinada. Durante a apresentação as personagens ressaltam que membros da atual conjuntura política ainda insistem em classificar a homossexualidade como doença, mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) tendo retirado o título na década de 1990. A discussão proposta pela fã também ressalta os estereótipos e os preconceitos sofridos por lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Nesse sentido, clexastrash compreende criticamente não apenas o tema abortado, mas os problemas no modo de representação da comunidade.

No que se refere à discussão sobre a bissexualidade as adolescentes contam experiências pessoais e relatam situações que já passaram enquanto casal. No cânone, Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) não se assumem bissexuais, no capítulo exibido dia 8 de fevereiro de 2018, Lica (Manoela Aliperti) conta para Benê (Daphne Bozaski) que não gosta de rotular sua orientação sexual.

Trecho da cena em que Lica (Manoela Aliperti) conversa sobre sua sexualidade com Benê (Daphne Bozaski).

Entretanto, na fanfic as personagens falam abertamente sobre sua orientação sexual e pontuam, durante a apresentação do trabalho, situações em que sofreram preconceito dos colegas de sala.

Trecho de Wonderwall em que Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) discutem sobre a bissexualidade.

Temas como o machismo, a homossexualidade e o preconceito também são explorados em outros capítulos de Wonderwall. As reflexões se desdobram a partir de personagens como, por exemplo, Gabriel (Luis Galves), a mãe de Samantha (Giovanna Grigio), etc. Apesar de não integrar o cânone, a fã reflete sobre assuntos pertinentes ao público alvo tais como a ansiedade e a saúde mental. Como iremos aprofundar na dimensão da estética, os leitores se identificaram com arco narrativo e compartilharam experiências semelhantes as das adolescentes. No capítulo 13, intitulado Anxietas, Samantha (Giovanna Grigo) tem uma crise de ansiedade, depois de uma conversa conturbada com os pais a personagem começa a se sentir mal e liga para Lica (Manoela Aliperti). Samantha (Giovanna Grigo) fala que sempre teve medo de contar sobre suas crises para os pais, porém a namorada alerta da importância da saúde mental e que buscar ajuda profissional é fundamental.

No capítulo 13, intitulado Anxietas, a fã discute sobre a saúde mental.

Os capítulos de Wonderwall são, em sua grande maioria, narrados em primeira pessoa. Nesse sentido, a clexastrash retrata os acontecimentos da história a partir da perspectivas das protagonistas. O recurso acaba, mesmo que indiretamente, gerando empatia e identificação nos leitores.

Como ressaltamos anteriormente, a fanfic é composta por várias intertextualidades, nesse contexto são explorados temas que vão além do universo ficcional. Na trama, a fã faz referência não só a elementos da cultura pop, mas a fatos históricos que estimulam a reflexão do público. Como, por exemplo, no capítulo 17 (Sonder) , em que as personagem falam sobre a ditadura militar. De acordo com Jamison (2017) o sexo é um elemento recorrente nas fanfic, independente do cânone e da proposta da trama. A autora afirma que o smut [2] pode ser motivado por diversas razões, tais como o ativismo, a necessidade de representatividade, o aprofundamento do cânone, a experimentação criativa, entre outros. Apesar de não ter como ponto central o smut, alguns capítulos de Wonderwall aprofundam questões que foram apenas sugeridas no cânone. Nesse contexto, a relação das personagens, as trocas de caricias são detalhadamente descritas pela fã.

Jamison (2017) também afirma que a fanfiction possibilita que os fãs explorem arcos narrativos que não são viáveis no canône por questões ideológicas e/ou comerciais. Como explica a autora (2017, p. 277). “Parte da importante – até crucial – função social, literária e política da fanfiction é que as pessoas realmente contam as histórias que querem contar, sem pré censura ou noções preconcebidas sobre o que vai vender”. A ausência de cenas românticas, em que as adolescentes trocavam carícias e beijos ardentes, foi criticada pelo o fandom de Limantha. Os fãs protestavam no Twitter através de hashtags e menções aos perfis dos roteiristas. Dessa forma, a fanfic preenchia uma carência do público, apesar do erotismo ser pontual na trama, a fã amplia o viés romântico do casal.

  • Estética

Em Wonderwall observamos uma nítida compreensão da autora sobre a estrutura narrativa. Este aspecto está presente não só nos ganchos que integram todos os desdobramentos da trama, mas na padronização dos capítulos. Todos os capítulos da fanfic têm como ponto de partida o significado de uma palavra que também é o título do mesmo. Além de abrir o capítulo, a palavra escolhida por clexastrash está correlacionada com o principal arco narrativo. Como, por exemplo, no capítulo 10, intitulado Mauerbauertraurigkeit. Segundo a fã a palavra – Mauerbauertraurigkeit – significa um sentimento movido pelo medo. Na trama, Samantha (Giovanna Grigio) e Lica (Manoela Aliperti) brigam e se sentem inseguras em continuar o relacionamento. Dessa forma, Wonderwall é norteada por uma coerência textual e estabelece uma identidade narrativa, já que todos os capítulos são estruturados do mesmo modo.

Todos os capítulos de Wonderwall começam com o significado de uma palavra, que também é o título do capítulo, que está correlacionado com o principal arco narrativo.

Outro ponto relevante na dimensão da estética e que integra a fanfic de Limantha é a forma como a autora alterna o eu lírico da história. Grande parte da trama se passa em primeira pessoa, acompanharmos tanto o ponto de vista de Samantha (Giovanna Grigio) quanto o de Lica (Manoela Aliperti), para facilitar à compreensão do leitor a fã indica e destaca (grifo) o nome da personagem no início do capítulo. Como, por exemplo, Samantha – Point Of View e Lica– Point Of View [3]. Porém, em alguns capítulos clexastrash opta pela terceira pessoa, a mudança é justificada na seção Notas do Autor. A fã afirma que o eu lírico irá trazer a história uma dimensão maior dos acontecimentos.

A fanfic materializa a coletividade presente na prática da cultura de fãs (JAMISON, 2017). Para Jamison (2017) dentro da comunidade o leitor da fanfic tem mesma importância que o autor. Segundo a autora, além do anonimato e da velocidade na propagação das fanfics, a internet possibilitou a troca instantânea de conteúdos e impressões sobre as tramas. No site Spirit existem seções especificas destinadas a troca de comentários sobre as histórias. Em Wonderwall, clexastrash estimula a participação dos leitores de distintas formas. Através das seções Notas do Autor e Notas Finais a fã repercutia os capítulos da telenovela que estavam no ar, refletia sobre o seu processo criativo, ressaltava os pontos importantes da trama, indicava outras fanfics, comentava as impressões dos leitores no Twitter e explicava os grifos indicando a mudança na temporalidade.

Ao compartilhar com os leitores questões relacionadas ao seu processo criativo a fã refletiva, mesmo que indiretamente, sobre o conteúdo que estava produzindo. Como, por exemplo, no capítulo 16, em que clexastrash diz que estava com um bloqueio criativo e pede a opinião dos leitores sobre os desdobramentos narrativos.

No capítulo 16, intitulado Kalon, clexastrash fala sobre o seu processo criativo e estimula a participação dos leitores.

A autora também discute, nas Notas do Autor do capítulo 7, sobre a periodicidade dos capítulos, ressaltando a importância do espaço entre as publicações.

A fã repercute a periodicidade da publicação dos capítulos.

Nos capítulos 13 e 14, que abordam o arco narrativo envolvendo a crise de ansiedade de Samantha (Giovanna Grigio), a autora usa as Notas do Autor para destacar a necessidade de se falar sobre a saúde mental e, posteriormente, indica uma fanfic que tem como tema central o assunto. Os leitores também repercutiram a história nos Comentários, compartilharam experiências pessoais e indicaram outras tramas.

A autora repercute os acontecimentos dos capítulos que tem como arco central a saúde mental de Samantha (Giovanna Grigio).

Os leitores compartilham suas experiências pessoais e indicam outras fanfics que abordam a saúde mental.

Dessa forma, além de ressignificar o cânone, já que o tema não foi trato na telenovela, a autora estimula a reflexão dos leitores e a curadoria de conteúdos.

Segundo Jamison (2017) e Jenkins et al. (2014) o Twitter é uma das redes sociais mais populares entre os fãs, a autora afirma que o microblogging não só facilita a socialização do fandom, mas possibilita novos modos de ampliação do cânone. Em Wonderwall a autora troca informações com os leitores, pede a opinião em relação à plots específicos e compartilha seu processo de pesquisa. Como, por exemplo, no capítulo 17 em que a fã trata de questões relacionadas à comunidade LGBT, em sua conta pessoal no Twitter clexastrash postou parte da pesquisa que fez para aprofundar temas como o índice de assassinatos no Brasil.

A autora de Wonderwall compartilha no Twitter a pesquisa que realizou para escrever o capítulo da fanfic.

A fã também solicita a participação dos leitores como, por exemplo, no capítulo 26, em que clexastrash pergunta de que forma eles preferem o título.

A fã pede para os leitores opinarem sobre a padronização dos títulos dos capítulos.

Dessa forma, a fanfic é ampliada para outras plataformas, dinamizando o consumo dos leitores.

Notas

[1] Quando os personagens originais são inseridos em outro ambiente (JAMISON, 2017).

[2] Fanfics em que o sexo é o ponto central.

[3] Ponto de vista em português.

 

Referências

ECO, Umberto. Ironia Intertextual e Níveis de Leitura. In: Sobre a literatura.  Rio de Janeiro: Record, 2003

FERRÉS, J; PISCITELLI, A. Competência midiática: proposta articulada de dimensões e indicadores. In Lumina, v. 9, n, 1, p. 1-16, 2015. Disponível em: <https://goo.gl/3EQnc6>. Acesso em: 12 mai. 2018.

GROSSMAN, Lev. Apresentação. JAMISON, A. Fic – Por que a fanfiction está dominando o mundo. São Paulo: Rocco, 2017, p. 11-14.

JAMISON, A. Fic – Por que a fanfiction está dominando o mundo. São Paulo: Rocco, 2017.

JENKINS, H . Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2008.

JENKINS, H et al. Cultura da Conexão – Criando Valor e Significado por Meio da Mídia Propagável. São Paulo: Aleph, 2014.

JENKINS, H. Lendo criticamente e lendo criativamente. In Matrizes, v.9, n.1, p. 11-24, 2012. Disponível em: < https://bit.ly/2I9TWnn>. Acesso em: 2 jan. 2018.

NADKARNI, Samira. De outras Terras onde Vivem ‘Outras Pessoas: Perspectivas da experiência de fãs indianos. JAMISON, A. Fic – Por que a fanfiction está dominando o mundo. São Paulo: Rocco, 2017, p. 331-339.

RECUERO, Raquel. Redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.

WERSHLER, Darren. Literatura conceitual como fanfiction. JAMISON, A. Fic – Por que a fanfiction está dominando o mundo. São Paulo: Rocco, 2017, p. 350-358.

Observatório da Qualidade no Audiovisual

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