Observatório da Qualidade no Audiovisual

Análise Vai Malandra

Por Catarina Garcia Penedo Pinheiro Gabriel e Denise Pereira Rodrigues

Introdução

Com o intuito de responder à pergunta – que semioticidades estão contidas em “Vai Malandra” e o que representam? – neste trabalho de investigação, foram previamente determinados objetivos de investigação, como a identificação dos signos semióticos presentes no videoclipe, desde a sua linguagem verbal e visual, como ao vestuário e cenário, partindo para a reflexão sobre o que estes poderiam representar, assim como a consulta à internet sobre as teorias destes. Foram ainda consultados livros de autores semióticos que permitissem complementar a análise do objeto. No que diz respeito à realização deste estudo, não foram sentidas dificuldades na recolha de informação.

Para dar a conhecer o objeto em análise, é fundamental conhecer o universo deste. Larissa de Macedo Machado, mais conhecida pelo seu nome artístico Anitta, nasceu a 30 de março de 1993 (29 anos) no Rio de Janeiro e é atualmente a cantora brasileira com mais notoriedade tanto no Brasil como a nível internacional. O seu gosto pela música começou desde cedo: foi apenas com 8 anos de idade que se deu o seu primeiro contato com a música, quando entrou no coral da Igreja Santa Luzia. Larissa apaixonou-se de tal maneira pelo mundo artístico, que aos 11 anos começou a aprender inglês e a frequentar aulas de dança. 4 anos depois, a adolescente já dava aulas de dança, apresentando-se em bailes de dança de salão. Aos 16 anos (2009), criou um canal no YouTube onde compartilhava as músicas e danças que elaborava.

O seu nome artístico foi inspirado numa série chamada “Presença de Anita”, já que esta se envolveu e se identificava bastante com a protagonista. A personagem “podia ser várias mulheres ao mesmo tempo (…). Ela podia ser romântica, maluca, séria, criança, adulta. Ela podia ser tudo!” (Anitta, 2017). A artista proferiu ainda que os indivíduos podem ser tudo, sem termos que nos limitar ou designar a uma única característica que pode, eventualmente, contrastar com outra.

Foi no ano de 2010 que se deu o início da sua carreira, uma vez que, a convite do produtor Batutinha, Anitta entrou para o grupo “Furacão 2000”. O seu “boom” deu-se no ano de 2013, quando lançou o seu primeiro single  “Show das Poderosas” e ganhou visibilidade em todo o país. De modo a conseguir lançar-se na sua carreira enquanto cantora, Anitta criou uma marca própria que, com a ajuda de estratégias de marketing, de branding e com a construção de alianças com outros artistas, contribuíram para o sucesso da sua carreira e da artista enquanto marca.

Dentro das facetas e conquistas no mercado brasileiro, Anitta começa a investir na sua carreira internacional. Durante setembro e dezembro de 2017, a artista anunciou o seu EP “Checkmate”, cujo intuito seria lançar um videoclipe em cada mês e explorar diferentes géneros musicais, sendo eles “I Will See You”, “Is That For Me”, “Downtown” e “Vai Malandra”, cada um deles com um objetivo específico, contando com colaborações de artistas internacionais. Neste lançamento, entendem-se duas vertentes do seu marketing que a promoveram enquanto artista:

  1. “Checkmate” contou com peças de xadrez gigantes em vários estados do país como um teaser do lançamento, colocando ainda o nome das suas músicas nas ruas.
  2. Com esta jogada, Anitta teve quatro meses a ser ouvida e falada nas rádios, pois todos os meses havia novas músicas, com novas parcerias. Por serem cantores internacionais, para além de terem as suas músicas a serem tocadas nas rádios brasileiras, as mesmas eram ouvidas no resto do mundo, promovendo assim o seu reconhecimento a nível internacional.

Em dezembro de 2017 foi estreado o videoclipe “Vai Malandra”, da cantora brasileira Anitta, causando furor nas redes sociais e batendo recordes no Youtube ao atingir cerca de 15 milhões de visualizações em 24 horas. Associada ao estilo musical funk, a música articulou-se com o videoclipe, gravado num cenário de favela, no Morro do Vidigal no Rio de Janeiro, onde Anitta tentou recriar a vida na favela da forma mais real possível.

De entre todas as plataformas digitais utilizadas, Anitta utilizou os seus perfis de redes sociais, como o Facebook e o Twitter, mas essencialmente o Instagram, como o principal meio de divulgação do lançamento do single. Ao fazer uso dos seus perfis nas redes sociais, a cantora conseguiu conversar mais proximamente com o seu público, fomentando um engajamento bastante orgânico e mobilizando a sua base de fãs, que tem acompanhado a cantora ao longo de todos estes anos realizando a divulgação da mesma de forma voluntária. Deste modo, ao fazer uso do meio digital e das plataformas, Anitta mobilizou o seu público de modo a poder garantir o sucesso do seu projeto, provando que conseguiu assumir o controlo do seu público no ambiente digital e demonstrando o alto poder de “propagabilidade” que as redes e as plataformas digitais possuem. Ao despertar a curiosidade dos fãs e do público em geral com publicações nas redes e com o lançamento dos teasers, a cantora comprovou ser conhecedora de estratégias eficazes baseadas no comportamento do consumidor, que acaba por se identificar com as músicas e com a marca, divulgando a cantora e a sua mensagem. Ao analisar o número de seguidores do perfil oficial do Instagram da Anitta, percebe-se que há uma audiência significativa em torno da sua marca, uma vez que a mesma conta com 63,4M de seguidores, o que comprova a presença do valor popularidade associado à cantora. Outro valor a analisar é o da visibilidade, que pode ser comprovado através do número de perfis de fandoms e fãs clubes onde aparecem mais de 400 mil resultados diferentes. Assim sendo, identificamos os valores de autoridade – devida à forma como o perfil oficial e a marca se distingue diante de tantos outros perfis – e o valor reputação – a partir dos comentários, positivos e negativos, gerados pelos seguidores da cantora ao conteúdo que a mesma publica no seu perfil oficial.

Através do lançamento do single “Vai Malandra”, foi possível identificar que a cantora Anitta fez uso dos três tipos de capital social de primeiro nível (Oliveira, 2019):

  • Relacional – uma vez que, a intenção e o objetivo com as suas publicações no seu perfil oficial nas redes sociais, é o de trocar comentários e estabelecer uma ligação com o seu público e os seus fãs;
  • Normativo – ao divulgar o link para o videoclipe completo, numa publicação com uma fotografia de uma parte do videoclipe, nas suas redes sociais, Anitta passa um tipo de comando para o consumidor, que tem como objetivo demonstrar aos seus seguidores o que estes têm de fazer para poderem aceder ao resultado final  completo;
  • Cognitivo – é possível identificar este tipo de capital social nos seus teasers, onde a cantora avisa que está prestes a fazer um novo lançamento, com uma pequena parte do produto final, chamando assim a atenção para os seus seguidores, de modo a garantir o sucesso da música.

Com 12 anos de carreira, Anitta, mais conhecida como a rainha do funk, é atualmente uma das grandes propostas enriquecedoras da cultura musical a nível mundial, alcançando uma marca inédita de singles em 5 diferentes línguas (português, espanhol, inglês, francês, italiano). Os recursos que Anitta utiliza para divulgar o seu produto através da imagem, linguagem, estilo e personalidade pretendem mostrar ao mundo que esta não é apenas mais uma cantora internacional, mas sim uma cantora internacional brasileira.

Estado da arte: videoclipe como ciberacontecimento

Se até à década de 80, os videoclipes eram produções quase que exclusivas do canal MTV, esta modalidade vídeo musical tornou-se bastante popular nos últimos anos. Atualmente, tendo em conta o avanço tecnológico e o mundo digital que foi formado, os videoclipes passaram a ganhar ainda mais notoriedade, sendo determinantes na carreira de profissionais ligados à indústria musical. De acordo com Soares (2012)[1] , os videoclipes configuram-se como sendo um género mediático ou televisivo. Inicialmente eram denominados de números musicais, mais tarde passaram a promos, fazendo referência à palavra “promocional”, pois era esse o principal objetivo destas produções.

A partir de 1980, começou a ser usual o termo “videoclipe”. A palavra “clipe” significava os recortes que formavam o projeto final,  evidenciando o aspecto comercial destes conteúdos audiovisuais. Foi no contexto da cultura digital, que Simone Pereira de Sá (2017)[1]  complexificou a questão, através da noção de videoclipe pós-MTV: a partir do momento em que a internet se tornou um meio de divulgação e consumo das mensagens por detrás destas produções.

Atualmente, observamos que os videoclipes, os géneros e os artistas musicais apresentam-se ao mundo como espaços de produção de sentidos e de disputas políticas, intrínsecas a esses sentidos, onde são articuladas diferentes matrizes da linguagem como o som, o vídeo e a imagem. No que se refere ao caso discutido nesse artigo, propõe-se a análise do videoclipe no qual se observam aspectos políticos e sociais que promovem a construção de uma marca e de estratégias de promoção da mesma.

Para se entender toda esta utilização do videoclipe como estratégia de marketing e de aumento da visibilidade da cantora, é necessário explicar o conceito e o entendimento em volta do consumo mediático. De acordo com Canclini (1999) “o consumo é o conjunto de processos socioculturais em que se realizam a apropriação e o uso dos produtos”[1] , sendo este, portanto, uma das bases da racionalidade integrativa e da comunicação em sociedade. O consumo, para além de ser entendido como a aquisição de objetos, é também uma forma de entender o modo de distinguir os indivíduos em termos de gostos pessoais e personalidades, assim como a forma como são saciados os desejos biológicos e simbólicos através de uma dimensão comunicacional. Canclini, na sua noção de consumo, defendia o dinamismo dos objetos nos mais variados contextos, atravessando as múltiplas dimensões da cultura pop nas redes digitais e a sua configuração como ciberacontecimento.

Cada meio relaciona-se com uma espécie de acontecimento portador de uma dimensão semiótica, que emerge quando são acionadas as diversas possibilidades de desvendamento do objeto que ganha significado através da semiose. Se antes o objeto semiótico, ou seja, o acontecimento, gerava signos, através da ação dos intérpretes, atualmente essas lógicas há muito foram alteradas pelo aparecimento da cultura digital que permitiu a criação de outras possibilidades de emergência e narração dos acontecimentos. Assim sendo, os ciberacontecimento são, por consequência destas evoluções, acontecimentos que surgem através das dinâmicas da internet, mais propriamente nas redes sociais.

A socialização entre indivíduos nas redes digitais, nesta perspectiva, materializam semioses que tornam possível a edificação de um processo de construção de acontecimentos na rede. Tudo isto possibilita, através das lógicas nas quais os conteúdos são difundidos nos espaços sociais, a produção de ciberacontecimentos.

No contexto de videoclipe, as celebridades da música pop (no caso, Anitta) opera como corporalidades semioticizadas, através de diferentes produtos e do seu consequente consumo pelo público. Como tal, o ciberacontecimento é capaz de configurar territorialidades semióticas, nas quais diferentes esferas semióticas emergem, se enquadram e se confrontam, marcando o modo como as diferenças culturais se configuram nesses espaços.

No decorrer dessas explicações, percebe-se que a celebridade e as suas ações possuem uma dimensão acontecimental constituída por signos que se configuram como ciberacontecimentos, uma vez que o ambiente criado e possibilitado pelas diversas redes sociais dão ênfase à atribuição de sentidos ao videoclipe. Neste sentido, existem lógicas jornalísticas que se ajustam às características e à linguagem da cultura pop, dando vida a um jornalismo de cultura pop (Gonzatti V., 2017). Assim sendo, o videoclipe, que passou a ser entendido como um ciberacontecimento, no contexto das redes sociais e digitais, vê disparar as suas potências semióticas.

A cantora Anitta, ao relacionar as matrizes culturais da música pop estadunidense e do funk carioca, promoveu um cenário polémico de controvérsias, através da difusão do videoclipe “Vai Malandra”.

Apresentação do objeto de análise semiótica: “Vai Malandra”

Foi em agosto de 2017, que Anitta anunciou o seu projeto CheckMate, que faria parte de uma estratégia de promoção da sua carreira internacional. O projeto consistia no lançamento mensal de uma música e do respectivo videoclipe, por tempo indeterminado, o que impressionou os fãs e causou uma onda de curiosidade a respeito da quantidade e do género das músicas que seriam lançadas. No vídeo promocional do projeto, Anitta mostrou o seu objetivo de se internacionalizar e de alcançar os três maiores públicos do mercado fonográfico pop, ao anunciar a sua campanha em três línguas diferentes: inglês, espanhol e português. O nome do projeto – CheckMate – foi pensado para ser reconhecido e compreendido facilmente pelas três línguas, apesar das suas diferentes grafias (CheckMate, Jaque-Mate e Xeque-Mate) indicando que o objetivo principal da cantora para sua carreira seria o de se lançar, permanentemente, como artista internacional. Ao utilizar a estratégia de lançar a música e o respetivo videoclipe em conjunto, Anitta conseguiu atingir, com sucesso, picos de audiência em duas grandes plataformas de streaming: o YouTube e o Spotify, o que, para além de ter feito aumentar o número de visualizações, garantiu a omnipresença e a popularidade da cantora nos meios mais utilizados para consumo de produtos da cultura pop. Ao aliar a imagem ao som, proporcionou uma forma de consumo ao público, baseada na sua identidade enquanto artista e não apenas na música enquanto um projeto. Outra estratégia importante utilizada pela cantora no seu plano de conquistar o mercado estrangeiro foram as participações especiais estratégicas com que a mesma contou para a realização do projeto, uma vez que, em cada música, havia a participação de diferentes artistas e produtores reconhecidos nos subgéneros explorados por Anitta.

Foi no mês de dezembro de 2017, que Anitta encerrou o projeto CheckMate com o lançamento do videoclipe “Vai Malandra” no seu canal do YouTube – o objeto de análise. A música foi um retorno da cantora ao funk brasileiro, tendo sido o single com maior número de participações especiais de outros artistas. Os funkeiros MC Zaac e DJ Yuri Martins, dividiram os vocais com Anitta e assumiram o beat da música com a ajuda do grupo de brasileiros Tropkillaz. Para além dos artistas nacionais, a cantora contou ainda com a presença do rapper norte-americano Maejor. O famoso videoclipe foi gravado no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, e conta mais de 436 milhões de visualizações no YouTube, rendendo à cantora estatísticas impressionantes, uma vez que se tornou a primeira música em português entre as 20 mais ouvidas no mundo.

Após o encerramento de CheckMate, Anitta tornou-se na maior artista brasileira da atualidade, no mundo, ao fazer o lançamento mais bombástico da história do pop brasileiro. “Vai Malandra” vê-se como uma estratégia de fecho de um ciclo em que, mesmo após alcançar a tão sonhada internacionalização, a cantora ainda reconhece onde estão as suas raízes. Atualmente, reúne mais de 436 milhões de visualizações.

Parâmetros de análise semiótica

Uma vez definido o objeto da nossa análise – “Vai Malandra” –, este será fundamentado tendo em conta a perspetiva de Lucia Santaella e Roland Barthes, autores relevantes para o estudo da semiótica do presente objeto.

Em “Semiótica Aplicada” (2002), Lúcia Santaella afirma que a semiótica contribui para a compreensão do mundo, já que tudo se organiza enquanto signo, incluindo o pensamento. À medida em que a quantidade de signos é ampliada, principalmente com o advento da internet, e cada vez mais, esta torna-se uma parte intrínseca à evolução humana.

O objeto é o que dá origem ao signo; um signo é tudo o que é passível de interpretação; já o interpretante é o efeito produzido pelo signo. O fundamento do signo é toda a propriedade representada fora dele. No caso de “Vai Malandra”, o objeto é o videoclipe; o signo, a Anitta, enquanto o interpretante seria o efeito provocado no espetador.  Os signos podem ser analisados a partir de 3 vertentes teóricas: a da significação (relação do signo consigo mesmo) – que significado está por trás deste videoclipe? –, a da objetivação (relação do fundamento com o objeto) – com que objetivo o videoclipe é visualmente retratado de certa forma, e não de outra? – e a da interpretação (relação do fundamento com o interpretante) – que interpretação podemos tirar deste videoclipe?

O signo em relação a si mesmo, dá origem a 3 subtópicos de signo: quali-signo, sin-signo e legi-signo. Relativamente à relação signo-objeto, podem coexistir 3 tipos de signo tendo em conta o seu contexto. Se essa relação se trata de signo visual que representa outro objeto por força de semelhança, denomina-se de ícone; caso for pela própria existência, denomina-se de índice; caso se trate por via de uma norma ou lei, denomina-se de símbolo. Quanto ao interpretante, este pode ser imediato (interno ao signo), dinâmico (efeito singular, onde o signo interpreta particularmente) ou final (interpretação prevista enquanto hipótese).

A autora apresenta ainda as etapas para uma análise semiótica, enfatizando a importância de que o observador se mantenha aberto ao signo, isto é, que não recaia em leituras superficiais ou pertencentes ao senso comum. A análise deve, desta forma, partir da contemplação do signo, depois para a sua observação e só mais tarde para a sua generalização, tendo em conta as categorias fenomenológicas:

I. Diz respeito aos sentimentos, ao acaso, à possibilidade;

II. Engloba as relações de dependência e à dualidade da relação ação e reação;

III. Fruto daquilo que é geral, bem como a ideia de continuidade e inteligência.

A obra possui muita relevância para a atualidade, uma vez que os signos se multiplicam dia após dia. Santaella, ao apresentar a teoria da semiótica peirceana, assim como as suas análises a partir do capítulo III, facilita a compreensão e reúne as condições necessárias para a realização de análise de signos nos seus variados contextos.

Para fundamentar esta análise, torna-se fulcral ter em conta a perspetiva de Roland Barthes com vista ao vestuário utilizado no videoclipe. Em “Sistema da Moda” (1967), o autor procurou pensar e analisar a estrutura dos objetos sociais, as imagens culturais e os estereótipos, tanto nas sociedades arcaicas como nas nossas sociedades modernas tecnicistas, recorrendo, voluntariamente, à análise de artigos dedicados à roupa feminina limitando-se à descrição escrita da moda, por razões de método (material, fotografia e linguagem) e de sociologia (material puro, o mais homogéneo possível). Este aborda a moda feminina, uma vez que a sua difusão faz parte da cultura de massa, sendo uma imagem estereotipada desta: muitas vezes, demonstram-se supérfluas, o que não era suposto. Estas deviam representar o maior número de leitoras possíveis, a fim de serem tudo o que estas ambicionam. As leitoras de moda não têm consciência de como os mecanismos produzem esses signos, mas o que é certo é que elas os recebem. Esses mesmos signos representam a situação social ou profissional, a faixa etária, mas também sobre tal uso social que simboliza informações elementares, e é esta ideologia que Anitta pretende retratar, não apenas através do beat, mas também através da (pouca) roupa que utiliza.

Numa entrevista sobre “O Sistema da Moda”, Barthes afirma:

“não acredito que esta moda corresponda a nenhum fenómeno de ordem sociológica. Acredito que todas as razões pelas quais pretendemos explicar ou justificar uma roupa são pseudo-razões. A transformação de uma ordem de signos numa ordem de razões é conhecida, aliás, sob o nome de racionalização; noutros termos racionaliza-se a posteriori um facto produzido por motivos bem diferentes e por motivos formais.”

É nesta afirmação que se introduz a temática do marketing de Anitta, em que cada passo é pensado, já que esta não dá “nenhum ponto sem nó”. A subsignificação destas roupas, voltadas para o funk (ritmo de rejeição por grande parte da sociedade brasileira), representa também o espaço: a favela.

Análise semiótica

Neste capítulo pretende-se analisar todas as semioticidades presentes no videoclipe, desde a linguagem verbal e visual (significação), como o vestuário e cenário (objetivação). Estes elementos levam a uma interpretação daquele que consome, remetendo a uma construção de sentidos nas mais diversas redes digitais (interpretação), que serão igualmente analisados e relevantes para a investigação.

Análise da linguagem verbal e visual: significação

No que toca à linguagem verbal de “Vai Malandra”, esta é construída através de:

  1. Gírias e frases incompletas: “Êta (louca)” e “Se eu te olhar descer, quicar até o chão”;
  2. Estrofes em inglês: “Vai, malandra, show me some / Brazilian baby, you know I want ya / Booty big, sit a glass on it / See my zipper put that ass on it / Hypnotized by the way you shake it / I can’t lie, I’m tryna see you naked / Anitta, baby, I’m tryna spank it / I can give it to you, can you take it?” aos 1.21s e em “Yeah, throw it back on me and Zaac / Make it clap, yeah, I’m into that / Pullin’ tracks, yeah, / I’m into that / From the back, yeah, I’m into that / Big dog to the kitty cat / Young boss where the millies at / In favela where it’s litty at / And the whole Brazil is feelin’ that” as 2.43s. Estas estrofes, de cantoria de Maejor, faz parte do marketing da Anitta pois, para além de ter a sua músicas a ser tocada nas rádios brasileiras, as mesmas serão ouvidas noutras rádios no mundo, uma vez que se trata de um cantor internacional. É desta forma que a cantora promove o seu reconhecimento internacionalmente;
  3. De um interlocutor libidiário: é subentendido o diálogo de conotação sexual entre homem (vozes masculinas) e mulher (Anitta). A figura masculina faz o chamamento (“Desce, rebola gostoso, empina me olhando / Eu te pego de jeito / Só começar embrazando contigo / É taca, taca, taca, taca” aos 0.51s) ao qual é imediatamente atendido (“Desço, rebola gostoso, empina me olhando / Eu te pego de jeito / Se começar embrazando contigo, é, rá” aos 0.59s). De seguida, a expectativa do interlocutor masculino é positiva, uma vez que este acaba com “Já tá louca, bebendo, tão solta, envolvendo / Eu tô vendo, não para, não” aos 1.36s – prontos para um encontro carnal, sem conquista, sem romantismo, sem delongas.
  4. Vocalidade que remete à erotização: nos atributos vocais não-linguísticos por parte de Anitta escapam elementos semânticos de natureza, colocando em evidência a parte erótica da sua voz, audível através do grau do tom. Na música, a cantora profere inúmeras interjeições (“an, an”) e onomatopeias (“tutudum” e “taca, taca, taca, taca”), que concerne a certa sensualidade a estas notas musicais que, por sua vez, são pornográficas. No entanto, a banalidade do teor deste diálogo acaba por se tornar ingénuo, já que dizem se trata de uma brincadeira infantil: a “malandra” apenas está a brincar com o seu “bumbum”.

Tendo em conta os pontos 3 e 4, a linguagem verbal insere-se no tópico de índice segundo Lúcia Santaella.

No que toca à linguagem visual, todas as cenas do videoclipe retratam momentos e aspetos da cultura local: o bronzeamento com fita isolante nas lajes, a piscina improvisada, a música e os típicos bailes funk e a boleia de mototáxi para subir ao famoso Morro do Vidigal. Estas representações da cantora no seu videoclipe mostraram ao mundo como é a vida na favela, contribuindo enquanto forma de valorização da cultura nacional. Desta forma, os planos de “Vai Malandra” contêm signos que podem ser decifrados, como:

  • 0:00 – observa-se o “bumbum” de Anitta em andamento, através de um plano detalhe;
  • 0:12 – referência a um projeto de lei que pretende criminalizar o funk. A matrícula da mota onde está Anitta é constituída através das siglas “ANT” – uma alusão à palavra “anti” – e os números 1256, que representam o projeto de lei.
  • 0:16 – representação de bairros de lata: favela do Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro;
  • 0:30 – convívio da favela num café, com mesas de snooker e cerveja;
  • 0:37 – presença inúmeras mulheres, deitadas em espreguiçadeiras, apenas como vestimenta um biquíni de fita isolante e saltos altos;
  • 1:54 – evidência do corpo feminino, novamente através de planos detalhe;2:23 – festa na favela que visa a representatividade. A cantora sempre se afirmou a favor da diversidade e duas participações em “Vai Malandra” confirmam essa ideologia. De um lado, a androginia de Goan Fragoso, modelo ativo nas causas LGBT, e de outro a famosa funkeira plus size Jojo Todynho.

Todos estes planos convergem uns com os outros.

Pode-se afirmar que, ao longo de todo o vídeo, a cantora coloca em evidência o corpo feminino. Anitta tentou ser o mais real possível, ao dizer não ao Photoshop e mostrar a realidade do corpo feminino, o que foi durante muito tempo motivo de conversa por parte dos meios de comunicação e nas redes sociais. Numa entrevista ao jornal “O Globo”, a cantora afirmou:

“a mulher real tem celulite (…), a estética de ‘Vai Malandra’ é muito verdadeira, mostra uma favela real e com pessoas da comunidade. Fico feliz em saber do impacto positivo que a minha celulite teve nas mulheres. Nós devemos nos unir e parar de julgar os corpos e as escolhas umas das outras.” (2017)

Com a utilização do seu corpo real, sem qualquer tipo de photoshop, a cantora conseguiu humanizar-se ao olhar de uma parte do público, incluindo no seu discurso uma crítica aos padrões atuais de beleza feminina, permitindo um processo de identificação por parte do público e dos seus fãs. Ainda assim, a outra parte do público insere o polémico tópico da objetificação, uma vez que mostra em evidência corpo(s) feminino(s) recortado(s) em planos de detalhe, com a dualidade da lírica – tom e teor erotizante – mencionada no tópico 3 e 4 do ponto 4.1 da presente investigação. O corpo evidencia-se como ícone na perspectiva de Santaella. O símbolo, as favelas, que serão abordadas mais à frente.

Análise do vestuário e cenário: objetivação

Roland Barthes afirma que o vestuário, segundo feministas, reencontra-se com a moda, pois coloca em causa temáticas como a objetificação do corpo da mulher e o sexismo tendo em conta a roupa que é utilizada, uma vez que, de forma geral,  a moda é voltada para o público feminino e caracteriza-se, como explica Barthes num sistema de comunicação, como capaz de ir além do aspecto frívolo inicial e comum a que é frequentemente associada. No caso de “Vai Malandra” e do objetivo de toda a vestimenta utilizada neste, é a aproximação à realidade: a moda-padrão recorrente nestas favelas. O vestuário de Anitta, com 5 looks ao longo de todo o clipe, é caracterizado por:

  • Calções vermelhos curtos e um top rosa e botas com a bandeira do Brasil, em 0:30s;
  • O famoso biquíni de fita isolante com uns saltos altos, em 0:37s, exibindo a dinâmica das lajes das favelas, onde as mulheres trocam o glamour da praia pelo bronze do morro;
  • Fato de banho bem cavado, em 1:06s;
  • Um mais look desportivo, com uma t-shirt, calças de fato de treino e chapéu, em 1:24s;
  • Top vermelho e saia de lantejoulas preta, em 2:22s.

Em quase todos estes looks, Anitta mantém sempre os acessórios no que toca às grandes argolas e às correntes, usual nas favelas, tanto para homens como mulheres. É de salientar o uso das tranças por Anitta (no primeiro look, em 0:24s), já que estas representam o povo negro e pobre que vive nas favelas.

No que toca ao cenário, importa interpretar uma imagem dependendo do conhecimento do consumidor audiovisual. O conteúdo da imagem, isto é, o cenário do videoclipe, é traduzido tendo em conta as lentes da sociedade brasileira como construção histórica desta, sendo o local onde Anitta viveu e muitos outros brasileiros atualmente vivem. E é apenas quando conhecemos os signos desta sociedade que se torna possível compreender as expressões.

Assim, importa conhecer o espaço/cenário do videoclipe: a favela, inserindo-se no tópico de símbolo de Lúcia Santaella. As favelas, ou bairros de lata, como é mais conhecido em Portugal, são grandes áreas de ocupação irregular nos centros urbanos. Esta é incentivada dada a necessidade de moradia de parte da população tendo em conta a falta de acesso a moradias baratas para a população com baixa renda. A população com melhores condições monetárias vê com preconceito e desconfiança as pessoas pertencentes a camadas mais pobres e os locais onde habitam, passando a ser visto como um lugar de pessoas perigosas e marginais. Anitta colocou a favela em evidência, assim como os moradores desta comunidade e a sua cultura, uma vez que, muitas das pessoas que figuram na tela no videoclipe, são residentes da periferia. Esta é representada em vários momentos do videoclipe e descreve cerca de 8% da realidade da população brasileira, mais especificamente, 17.1 milhões de pessoas – “grupo que, somado, representaria o quarto estado mais populoso do país” (CNN Brasil, 2021)[1] . E é neste

local, mais especificamente no Rio de Janeiro, que surge o funk, como um estilo musical oriundo das favelas.

Anitta, não esquecendo das suas origens, sempre ambicionou levar o funk para o mundo, com o objetivo de acabar com tal preconceito e salvar vidas. Em entrevista a Jimmy Fallon, a cantora afirmou que ainda sofre de preconceito, não só porque o género se trata de uma música que nasceu do gueto[1], de pessoas pobres; mas também pelo grau de medição de inteligência ou falta dela: “as pessoas dizem e pensam: ela mexe a bunda, então ela é burra. Sim, eu balanço minha bunda, mas eu posso ser inteligente (…)”. Ainda assim, desde há muito, esta quer “levar o Brasil para o palco e todas as favelas” (Anitta, 2022)[1] .

Assim, após a abordagem à linguagem verbal e visual, assim como ao vestuário e cenário, é possível sintetizar na figura seguinte a relação signo-objeto, isto é, o ícone, índice e símbolo.

Figura 1 – Ícone, índice e símbolo de “Vai Malandra”

Fonte: elaboração própria

Análise da construção de sentidos em redes digitais: interpretação

As reações ou comentários pós-videoclipe nas mais diversas redes digitais foram numerosas e inflamadas, trazendo referências sobre sentimentos coletivos, tendências, interesses, intenções, influenciando a cultura e proporcionando diferentes fenómenos (RECUERO, 2014).

A construção destes sentidos em redes digitais é mapeado através dos seguintes movimentos: (1) mapeamento; (2) elaboração de constelações de sentidos; e (3) desenvolvimento de influências sobre tais processos.

  1. Procura pela diversidade de rastros semióticos a partir de determinado meio, como as redes sociais Youtube, Instagram, Twitter e Facebook, assim como os comentários, vídeos e memes nestes elaborados;
  2. Procura por reconfigurar signos de diferentes temporalidades e territórios em constelações, sendo capazes de demonstrar singularidades de tal acontecimento, isto é, perspetivas específicas;
  3. Materialidade teórico-problematizadora através da discussão das etapas anteriores.

A subjetividade deste processo demonstra-se crucial para a elaboração dos grupos de sentidos, ou seja, para os agrupamentos semióticos que visam reconfigurar signos distintos em grupos capazes de revelar a singularidade dos acontecimentos, através de perspectivas específicas. Estas são agrupadas, de ordem descendente, tendo em conta a ideologia dos consumidores audiovisuais nas plataformas anteriormente mencionadas:

  1. Fandoms: os fãs idolatram Anitta como um ser feminino “deusificado” como a diva do pop. Estes autopromovem-se através da hashtag de #VaiMalandra nas diversas redes: falam de si como malandras, desenvolvem montagens onde colocam o seu rosto no lugar de Anitta na capa do single. Os “anitters” desenvolvem ainda disputas com haters e entram em confronto com outros fandoms, como Luísa Sonza (sonzers) e Ludmilla (ludmillers), com o intuito de apoiar o trabalho da cantora e enaltecê-la a um nível máximo, tentando diminuir o trabalho ou imagem de uma – com a cultura do cancelamento – para sobrepor outra;

“Meu look pro carnaval vai ser fita isolante preta e óleo corporal pq eu sou mt malandra

#VaiMalandra

“Só eu acho que hoje tinha que ser feriado nacional pra enaltecer a rainha? #VaiMalandraMusicVideo #VaiMalandra #VaiMalandraAnitta

“eu queria saber de onde as sonzers estão tirando que luisa é melhor que anitta kkkkkkkkkkkk”

“Sem querer comparar as duas. Mas já comparando, Anitta é uma artista melhor que a Lud sim.”

2. Haters: os haters comentam sobre a inutilidade da cantora e questionam-se sobre os valores do Brasil. Estes abordam a função do homem e da mulher, o que faz emergir discussões sobre a sexualidade e o género, fruto de confrontos com perspetivas feministas. Estes alimentam ainda a rivalidade com as artistas Luísa Sonza e Ludmilla;

“Aqui pensando no futuro desse país, no futuro das crianças. e vejo e todos os valores estão invertidos de forma que não tem volta. Onde o lixo ganha notoriedade e os princípios indo pra lama. Infelizmente”

“Só pelo nome das músicas sabemos q vai Flopar, nunca será a Luísa Sonza !”

“Oi, hoje vim aqui só pra deixar registrado que Lud é melhor que anitta”

3. Objetificação: os comentários debatem negativamente sobre a exposição dos corpos no videoclipe, já que estimulam o desejo sobre estes;

“Anitta=mulher inventada que usa sua sexualidade para chegar em algum lugar, triste estado do feminismo hoje. Ela deveria ter alguma dignidade, roupas e um trabalho”

“Devia ir para o x vídeos”

“Se eu pego essa Anita ia arromba a xota dela em uma rolada”

4. Apoiantes: semioticidades que demonstram percepções positivas em relação ao videoclipe, contudo, não são necessariamente apoiantes da cantora. Desenvolvem publicações elogiosas, porém, são utilizados adjetivos menos grandiosos que os de fandoms;

“Anitta sempre quebrando tabus, e eu preocupada de ir a praia por causa das minhas celulites depois de 2 filhos, agora eu vou! kkk”

“Parabéns pela inclusão das Pessoas da comunidade e as que estão fora dos padrões de Beleza!!!”“O clipe é cheio de brasilidade, de favela, de preto, de pobre, de jovem que mostra a celulite – isso é demais para as mentes conservadores e para o tribunal virtual do Facebook.”

5. Críticos: comentários onde são colocadas exclusivamente opiniões, que não são atravessadas por um ativismo crítico ou discurso de ódio.

“Amei a parte visual do clipe #VaiMalandra , aquele climão de verão e festa, galera reunida. Só a musica que não me agradou tanto, mas acho que escutando com o tempo eu passe a curtir.

Falta a balada certa pra eu me afeiçoar a musica talvez.”

Conclusões

Para a realização deste trabalho, elaborou-se uma análise semiótica ao videoclipe “Vai Malandra” da cantora brasileira Anitta.

Ao longo do trabalho analisou-se e aprofundou-se diversos tópicos que foram considerados como imprescindíveis à sua realização: o estado da Arte onde se estudou o videoclipe enquanto ciberacontecimento; a apresentação do objeto de análise semiótica, neste caso o videoclipe “Vai Malandra”; os parâmetros da análise semiótica, nomeadamente as perspectivas de Lúcia Santaella e Roland Barthes; e a análise semiótica, em que foi realizada uma análise da linguagem verbal e visual e a significação das mesmas, uma análise ao vestuário e cenário do videoclipe e uma análise da interpretação e da construção de sentidos em redes digitais.

Para a elaboração da análise semiótica, e tendo em conta a pergunta de investigação – que semioticidades estão contidas em “Vai Malandra” e o que representam? – foi utilizada a perspetiva de Lúcia Santaella, onde, no caso de “Vai Malandra”, o objeto seria o videoclipe; o signo, a Anitta; e o interpretante seria o efeito provocado no espetador. A partir daí foi construída a análise, tendo em conta que a sua perspetiva e o seu estudo facilitaram a compreensão e reuniram as condições necessárias para a realização da análise dos signos nos seus variados contextos através da significação (linguagem verbal e visual), objetivação(vestuário e cenário) e interpretação (construção de sentidos em redes digitais). Com esta abordagem, foi possível relacionar a vertente teórica com o objeto de análise, onde o ícone se insere no corpo feminino; o índice a lírica da música; e o símbolo as favelas.

Para além de Santaella, torna-se fulcral ter em conta a perspectiva de Roland Barthes com vista à interpretação do vestuário utilizado no videoclipe. Este considera que este vai além do aspecto frívolo inicial e comum a que é frequentemente associada, como a objetificação, por exemplo. A partir desta ideologia, conclui-se que nos videoclipes de Anitta cada passo é pensado já que as roupas representam uma subsignificação, sendo estas voltadas para o funk com o objetivo da aproximação à realidade: a moda-padrão recorrente nestas favelas (que remete ao espaço/cenário, como alvo de preconceito desde os seus primórdios). Com a realização da análise ao videoclipe, e tendo em conta a pesquisa que foi feita no que toca ao objeto de análise e à própria artista, compreende-se que Anitta apresenta quatro características essenciais que permitiram atrair a tão desejada visibilidade da cantora. Assim sendo, a marca Anitta demonstra ser simbólica, pois possui significação a partir do momento em que, ao iniciar um clipe tão esperado como “Vai Malandra”, a cantora mostrou seu corpo da forma mais real possível e sem qualquer tratamento de imagem, simbolizando a luta contra os padrões de beleza impostos pela sociedade; discursiva, pois a cantora, a partir do videoclipe, mostra o seu posicionamento face a diversas questões sociais; produtora de sentido, uma vez que a cantora comprovou a veracidade do seu discurso e dos seus pensamentos e opiniões, com os seus atos; inclusiva, uma vez que a cantora incluiu no videoclipe a temática da androginia, a comunidade LGBTQI+ e plus size. É de salientar também que, nas restantes músicas do projeto CheckMate, Anitta inclui igualmente modelos cadeirantes e pessoas com síndrome de down.

Referências

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Machado, G. (2017). A ESTRELA CAIU: Relações entre a publicidade, a cultura pop e a fama. Extraprensa.

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Oliveira, T. C. (2019). Anitta a malandra do Marketing: Estratégias digitais de marketing em sites de redes sociais, estudo de caso do projeto solo, no Instagram. Sá, S. P. (2018). Revisitando a noção de gênero musical em tempos de cultura musical digital. Belo Horizonte: PUC-MG.

Salles, S. (4 de Novembro de 2021). Cerca de 8% da população brasileira mora em favelas, diz Instituto Locomotiva. Obtido de CNN Brasil: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/cerca-de-8-da-populacao-brasileira-mora-em-favelas-diz-instituto-locomotiva/

Silva, A., Miguel, E., & Souza, R. (2019). O gênero videoclipe “Essa mina é louca”, de Anitta, na perspectiva dos multiletramentos.

Silva, R. (2017). Pre-pa-ra que agora é hora: estratégias de visibilidade em três performances pop de Anitta.

Soares, T. (2007). O videoclipe como articulador dos gêneros televisivo e musical.

Recuero, R. (2014). Contribuições da Análise de Redes Sociais para o estudo das redes sociais na Internet

Valente, H. (2018). Vai, malandra!… Porque também lemos com os ouvidos!. Manaus.

Observatório da Qualidade no Audiovisual

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